Em SP, só 25% têm ponto de transporte a até 1 km de casa

Estudo mediu a proximidade entre passageiros e transporte de qualidade na capital paulista para mostrar que, com investimentos, esse número poderia triplicar até 2025

Notícias
 

Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 14 de setembro de 2016

Maioria mora longe e faz longas viagens no transpo

Maioria mora longe e faz longas viagens no transporte

créditos: Daniel Sobrera/ Mobilize (Clickmobilidade)

 

Um estudo inédito mediu a proximidade entre os passageiros e o transporte de média e alta capacidade na capital paulista e concluiu: somente 25% da população de São Paulo tem acesso a pé a uma estação de transporte público de qualidade no raio de um quilômetro de casa. 

 

Na pesquisa feita pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) e pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis é utilizado o índice PNT – da sigla em inglês People Near Transport –, que considera o número de pessoas que vivem em um raio de até 1 km de estações de metrô, trem, BRT e VLT, dividido pelo total da população do município. 

 

No cálculo do PNT foram desconsiderados os corredores de ônibus, por não serem exclusivos do transporte público coletivo (aceitam táxi), e o monotrilho da Linha 15-Prata, já que o horário de funcionamento e a extensão estão aquém dos limites considerados na análise. “É necessário que corredores sejam exclusivos ao transporte público coletivo e existam melhorias que possam ser implementadas, como pagamento pré-embarque e embarque em nível”, explica a socióloga Clarisse Linke, diretora do ITDP Brasil.

 

Rede insuficiente

São Paulo tem um PNT muito baixo se comparada a outras metrópoles mundiais, a exemplo de Rio de Janeiro (47%), Cidade do México (48%), Pequim (60%), Nova Iorque (77%) e Paris (100%).

 

“Uma das conclusões elementares de quem se debruça sobre os números da capital paulista é que ela precisa urgentemente expandir e qualificar sua rede de transporte, ampliando a integração física, tarifária, operacional e de informação entre os diferentes modos públicos e privados”, explica Luis Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis e Phd em transportes pela universidade inglesa de Southampton.

 

De 25% em 2015, São Paulo poderia saltar para um patamar de mais de 70% em 2025. Isso quer dizer que quase dois terços de sua população estaria a uma distância acessível a pé de uma estação de transporte público. Tal cenário foi projetado no estudo do ITDP e do WRI Cidades Sustentáveis a partir das metas previstas no Plano Diretor Estratégico e no Programa de Corredores Metropolitanos (EMTU).

 

“A rede de transporte público de qualidade é insuficiente para atender à demanda. Os protestos de junho de 2013 mostraram o quanto mobilidade urbana é uma questão urgente. A falta de acesso ao transporte dificulta o desenvolvimento econômico e social, além de contribuir para aumentar a histórica desigualdade social, tão presente nas cidades brasileiras”, completa Clarisse.

 

Soluções e qualidade de vida

As organizações que produziram o estudo apontam o que boa parte dos paulistanos já sabe e deseja. Pesquisa de Mobilidade Urbana realizada em 2015 pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, revelou que 83% dos moradores da cidade estariam dispostos a trocar o automóvel por um transporte público de qualidade.

 

Ao analisar o acesso ao transporte para diferentes faixas de renda, os especialistas observaram que quem mora mais perto do transporte público de qualidade é justamente quem ganha mais. Em contrapartida, a expansão e a requalificação de uma rede integrada de transportes traria maior benefício a quem mais precisa: o PNT passaria de 18% para 61% para os paulistanos com renda de até meio salário mínimo, isto é, mais que triplicaria. Portanto, focar nessa área significa reduzir desigualdades.

 

A adoção da bicicleta também foi analisada. Ela pode facilitar ainda mais o acesso ao transporte público para viagens mais longas, ao se criar uma cadeia de deslocamentos e combinando as bikes com opções de viagem intermodal. Com a ampliação da rede em São Paulo até 2025, 97% da população estaria próxima a uma estação de transporte público de qualidade, que pode ser facilmente percorrida de bicicleta (3 km nos parâmetros do PNT).

 

Veja mais detalhes do estudo do PNT de São Paulo.

 

Leia também:

PNT (People Near Transit) de São Paulo 

Zona Norte de SP ganha nova faixa exclusiva para transporte coletivo

Usuário processa CPTM por trem superlotado. E ganha! 

Obra parada do Metrô assombra moradores em São Paulo

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário