Como um jogo pode ajudar no planejamento do metrô de Nova York

No planejamento urbano, jogos podem ajudar a engajar cidadãos em temas como o redesenho da infraestrutura urbana. Isso é o que propõe o jogo Brand New Subway

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Fonte: The City Fix Brasil  |  Autor: Sergio Trentini  |  Postado em: 17 de agosto de 2016

O jogo permite a criação de novas linhas e estaçõe

O jogo permite a criação de novas linhas e estações

créditos: Brand New Subway

 

Jogos têm alto potencial de engajamento. Está aí o Pokemon Go para sustentar a premissa. A mecânica voltada à obtenção de resultados que os jogos apresentam tem aparecido cada vez mais em iniciativas de engajamento de massa. Em termos de governo, a intenção é simples: incentivar a participação dos cidadãos – uma outra forma de governança participativa. Em termos de planejamento urbano, jogos como Sim City podem ajudar a engajar cidadãos nos temas de redesenho da infraestrutura urbana. É isso que propõe o jogo Brand New Subway, que permite a qualquer um redesenhar o metrô da cidade de Nova York.

 

O jogo não foi desenvolvido pelo governo da cidade, mas poderia ter ideias encampadas pela prefeitura que, em julho, anunciou o investimento de $27 bilhões de dólares para melhorias na rede metroviária que atualmente está sendo operada no limite de sua capacidade, devido ao crescente número de usuários.

 

O jogo foi criado por Jason Wright para participar da competição chamada The Power Broker. O desafio leva o nome da biografia de Robert Moses (1888–1981), urbanista de Nova York, responsável por prédios como o Lincoln Center,  New York Coliseum, entre outros. A premissa do desafio era adaptar as ideias de Moses, expostas em sua biografia, em uma plataforma jogável.

 

Principais construções de Robert Mose (Reprodução: The Power Broke)Principais construções de Robert Mose (Reprodução: The Power Broke)

 

Robert Moses, segundo sua biografia, deixou um legado ambíguo na cidade. Os cidadãos e os governantes demoraram algumas décadas para perceber que o legado de suas novas pontes e estradas, além de não resolverem o problema de mobilidade da cidade, atraíram mais carros. Muitas críticas são feitas ao seu trabalho. Ele é usualmente citado como a pessoa que os nova-iorquinos podem culpar enquanto esperam o metrô ou por um transporte público de qualidade.

 

Robert Moses ficou conhecido por redesenhar e projetar elementos para a cidade sem consultar as ideias da população. Por isso, perceber um pouco da personalidade do urbanista e acessar o jogo de redesenho do metrô proposto por Wright pode deixar alguma espécie de ironia no ar. Afinal, a porta aberta à democracia e o engajamento de público que se propõe ao planejamento urbano por meio de jogos como esse é, cada vez mais, evidente.

 

Qualquer um pode começar um novo desenho do metrô a partir do mapa da cidade em branco ou jogar a partir da infraestrutura atual e projetar linhas e estações futuras. Para cada uma das opções, o sistema possui um banco de dados que calcula quantas pessoas serão beneficiadas por aquele trajeto e quanto custaria uma nova estação em determinado local.

 

Em entrevista para o fastcoexist, Wright afirmou que algumas pessoas jogam por entretenimento, mas alguns realmente estão tentando criar um sistema de metrô melhor. “Vi muitos nerds de trânsito usando o mapa para repensar completamente as linhas de metrô”, disse.

 

Wright está adicionando mais fontes de dados para o jogo. Assim, eventualmente, ele pode se tornar uma ferramenta para o planejamento da cidade. Iniciativas como essa tem surgido em outras partes do mundo. Em Nova Orleans, também nos Estados Unidos, a prefeitura utilizou um jogo para motivar os cidadãos a opinar sobre o Orçamento Participativo da cidade.

 

A abordagem lúdica dos jogos e os mecanismos de narrativa e recompensa podem animar o planejamento urbano. Os governos podem animar os debates que tratam da cidade, além de inserir uma gama maior de cidadãos como parte das decisões. O que pode tornar a gamificação fundamental para a construção de cidades inteligentes.

 

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