Sem ter por onde passar, ciclistas e pedestres simplesmente ignoram os avisos de interdição da Ciclovia Tim Maia, que desmoronou em abril, em São Conrado, na Zona Sul, e se arriscam utilizando a via. Há guardas municipais no local orientando as pessoas a não passar pelo trecho interditado, mas a maioria segue pela pista proibida. Quem respeita o bloqueio, tem que dividir espaço com os carros no meio da rua.
“Um guarda disse diz ´Oh, não passa não’. Eu passo. Ele vai conseguir me pegar? Não vai, né?", contou o maratonista Cícero Damião. No entanto, tem gente que diz que nem recebeu orientação. "Tem uns guardas municipais, mas não falaram nada. Absolutamente nada. Não deram nenhuma orientação”, disse o cirurgião plástico Ivan Sambrano.
Um trecho da ciclovia está bloqueado desde o acidente que matou duas pessoas, em abril. Uma onda forte fez parte da estrutura desabar. Em julho, o Ministério Público denunciou 14 pessoas à justiça por homicídio culposo - aquele não há intenção de matar. Segundo o inquérito, a principal falha foi os engenheiros não terem previsto a incidência de ondas na ciclovia.
No domingo (28), havia somente um guarda municipal na ciclovia. "O pessoal foi passando e eu fui junto", disse o eletricista Roberto Souza que passava no local.
Uma placa alerta que que é proibido passar a pé ou de bicicleta e em vários pontos da ciclovia foram colocados blocos de concreto para impedir a passagem, inclusive em São Conrado, onde começa o trecho elevado.
As faixas de interdição foram arrancadas e muita gente ainda insiste em passar, mesmo sabendo da proibição.
A Justiça determinou que a prefeitura só pode reabrir a ciclovia depois que apresentar o laudo de uma perícia feita pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) por uma equipe da Coppe da UFRJ, atestando que há total segurança para a população.
O promotor Bruno Bezerra diz que a prefeitura não enviou o laudo da obra e que é importante a perícia porque vai garantir a segurança da ciclovia para evitar novos acidentes. “Como a via está interditada e é dever do município resguardar essa interdição entendemos que as pessoas não deveriam estar usando essa ciclovia e a responsabilidade é do município em cumprir essa interdição”, disse o promotor.
Por enquanto não há data para reinauguração. Muita gente diz que a liberação da ciclovia já deveria ter acontecido. “Está demorando demais. A população toda aqui quer. Todo mundo é usuário disso aqui, vai para o Leblon, volta, o turismo gosta”, disse o engenheiro Luiz Augusto Ribeiro.
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