Um ônibus "flex", que pode funcionar tanto com gás natural (GNV) como com o gás metano gerado por estações de tratamento de esgotos, aterros sanitários e usinas de álcool é o novo veículo que a Scania está lançando durante o Seminário Nacional da NTU, que começa hoje (23) em Brasília.
O modelo exposto no Seminário Nacional da NTU é uma versão de 15 metros, com capacidade para até 130 passageiros e dotado de carroceria de piso baixo, seguindo os padrões e exigências adotados na cidade de São Paulo. Trata-se, segundo a Scania, do primeiro ônibus movido a biometano e GNV registrado no Brasil. No entanto, a mesma configuração já é amplamente utilizada em cidades como Bogotá, Cidade do México e Lima, explicou Silvio Munhoz, diretor de Vendas de Ônibus da Scania do Brasil.
Como funciona
O veículo funciona com um motor de "ciclo otto", mais silencioso do que os ônibus diesel, condição importante para circulação no meio urbano. Além disso, o novo ônibus tem baixas emissões de poluentes - cerca de 85% menos do que um ônibus similar a diesel - segundo testes e demonstrações realizados em várias cidades brasileiras e verificados pela Netz Engenharia Automotiva. O veículo chegou a percorrer em rodovias cerca de 700 km com sua carga total de gás (300 m3), mas na cidades o desempenho situa-se em torno de 350 km. O custo por quilômetro rodado ficou em R$ 0,89 contra R$ 1,24 dos ônibus diesel.
A versão apresentada em Brasília é dotada de um motor de 280 cv, que funciona com a queima de gás metano, de GNV ou da mistura de ambos, graças ao sensor lambda semelhante ao utilizado nos carros flex. "O sensor verifica continuamente os gases do escapamento e dosa automaticamente as misturas, de forma a reduzir ao mínimo as emissões de poluentes", explica Silvio Munhoz.
Emissões comparadas de motores para ônibus . Fonte: Scania
O ônibus movido a biometano e GNV não exige muitas mudanças na carroceria tradicional, explica o engenheiro Celso Mendonça, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Scania. O modelo escolhido para o lançamento, por exemplo, tem chassi de piso baixo e por isto os cilindros do combustível foram instalados no teto. São seis cilindros de fibrocarbono, cada um com capacidade de 200 litros ou 50 metros cúbicos de gás. A empresa também dispõe de uma versão de piso alto e nesse caso, os cilindros de gás serão alocados abaixo do assoalho.
Embora a primeira versão do chassi tenha sido importada da Suécia, a Scania já pretende iniciar a produção local do novo chassi em sua fábrica brasileira, em São Bernardo, ainda em 2017, dependendo apenas da homologação do Inmetro e Denatran, explicou Munhoz. A linha Scania com motor a GNV/biometano oferece três modelos. O K 280 4x2, que pode receber carrocerias de 12,5 a 13,20 metros de comprimento, e capacidade para levar de 86 a 100 passageiros. O K 280 6x2, de 15 metros de comprimento, dois eixos direcionais e capacidade para até 130 passageiros. Ambos equipados com motor de 280 cavalos. E o articulado K 320 6x2/2, de 18 metros e capacidade para 160 ocupantes, com propulsor de 320 cavalos.
Geração de biometano
O diretor da Scania explicou que a empresa trabalha de olho em vários projetos de geração de gás metano que estão sendo desenvolvidos no país. "A Sabesp, por exemplo, vai gerar biometano a partir do lodo de sua maior estação de tratamento de esgotos, em Barueri, Região Metropolitana de São Paulo. Em Rio Negrinho (SC), há um grande projeto de geração de gás metano em um aterro sanitário. E na região Noroeste de São Paulo, os produtores de açúcar também estão iniciando um programa de geração de biometano para energia a partir de um dos subprodutos do processo industrial", concluiu Munhoz.
Veja um vídeo sobre o lançamento:
Veja também uma apresentação com os detalhes do novo ônibus: ww.mobilize.org.br/apresentação
Leia também:
Mobilize: Ônibus a gás, o substituto não poluente do diesel
Ônibus movido a bateria é testado em São Paulo
RJ: Ônibus a hidrogênio reforça transporte da Cidade