O sistema de ônibus do país perdeu 3,2 milhões de passageiros por dia entre 2014 e 2015, conforme levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A crise econômica e a falta de políticas públicas para o setor estão entre os motivos para a queda, de acordo com o trabalho, divulgado pela NTU em entrevista coletiva realizada hoje (12) em Brasília-DF.
Para estimular o uso do transporte público a NTU apontou como solução a cobrança de um adicional no preço da gasolina, como forma de subsidiar o sistema público de transporte. De acordo com simulações realizadas pela NTU, um aumento de R$ 0,10 no valor do litro da gasolina poderia reduzir o valor médio da tarifa em até 30%. Otávio Cunha, presidente da NTU, explica:
“Precisamos sair dessa lógica perversa em que só o passageiro paga pela manutenção do serviço. Não diríamos que a proposta de tarifa zero seja exequível. Mas é possível obter redução do preço da passagem com recursos para subsidiar o transporte”.
Evolução desde 1994
O levantamento é feito desde 1994 nas capitais de nove estados – Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Sul. A partir dos dados coletados nas capitais desses estados, a NTU faz uma projeção para as outras unidades da federação. De acordo com a pesquisa, 87% dos usuários de transporte público utilizam o ônibus como principal meio de locomoção.
As planilhas da NTU indicam 382 milhões de passagens de ônibus por mês em 2014. Já em 2015 esse número caiu para 348 milhões, uma redução de 9%. Para a entidade, a priorização do transporte público, os planos de mobilidade e diretores das cidades são medidas que poderiam solucionar a redução de usuários registrada nos últimos anos. “Se este nível de priorização acontecesse continuamente, nós não teríamos retração na demanda de passageiros. O custo não aumentaria e o usuário pensaria duas vezes antes de trocar de meio de transporte”, disse André Dantas, da NTU.
De acordo com a NTU, o preço do combustível influenciou na queda da produtividade no setor. O preço do óleo diesel, segundo maior insumo utilizado pelo setor, apresentou aumento de 52,7% entre 2000 e 2015.