Para os que não recordam, vale ressaltar que a frota era menos da metade da atual. Os mais de 598 mil veículos da época saltaram em 2011 para 1,3 milhão. Eram 379 semáforos contra os atuais 856 sinais luminosos. E os radares só foram aparecer quatro anos mais tarde, em 2000, quando a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) iniciou a ação de combate aos acidentes.
Na reportagem que marca o início da distribuição do jornal O TEMPO, há 15 anos, a chuva que caiu na capital provocou congestionamentos que ficaram restritos às principais avenidas do hipercentro. Apenas um semáforo parou de funcionar na esquina da avenida Afonso Pena com rua dos Caetés.
No mês passado, quando um temporal da mesma proporção do registrado na década passada atingiu Belo Horizonte, a cidade parou. Todas as nove regiões da capital apresentaram rentenções no tráfego que chegaram a roubar três horas dos motoristas durante os deslocamentos. "Lugar nenhum no mundo tem condição de acompanhar, apenas com obras viárias, um crescimento de frota como esse. Nós estamos operando perto da capacidade. Hoje, temos congestionamento na cidade inteira", afirmou o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar.
O gestor da empresa de trânsito da capital defende, usando estatísticas, que as constantes panes nos semáforos têm mostrado uma melhoria. De acordo com os números, as falhas nos equipamentos atingem a média de 6,7 ocorrências por dia. Já em 1995, a BHTrans registrava 39 panes. "O problema que tivemos na última chuva foi pontual. Tivemos falta de energia e isso parou tudo. E estamos testando um sistema de ´no-break´ para que os semáforos não apaguem quando isso ocorrer", afirmou.
Ramon Victor Cesar aposta no Sistema Rápido de Ônibus (BRT), juntamente com a ampliação do metrô, para que daqui a 15 anos a população da capital não se veja obrigada a andar à pé. "A única maneira de dar encaminhamento para o problema é melhorando o transporte coletivo."Número
Ações não conseguiram solucionar problemas
Um trânsito mais complicado exige um gerenciamento mais eficaz. No caso de Belo Horizonte, o desafio só aumenta, enquanto intervenções viárias e melhorias no transporte público, nem de longe conseguem acompanhar na mesma proporção. Esta é a análise do especialista em transporte e trânsito Silvestre Andrade.
"Os sistemas viários cresceram muito pouco na cidade. O crescimento do transporte público também foi muito pequeno. Então, o que vemos é isso. Quando chove, com os alagamentos nas ruas e poças de água, o trânsito para. Hoje não podemos prescindir de uma faixa porque nela passam 2.000 carros por hora, por exemplo", explica.
O especialista afirmou ainda que as ações precisam estar focadas em dar prioridade para a demanda reprimida pelo transporte coletivo. "Temos a necessidade de dar meios para que a maioria possa circular", disse. (FMM)