Depois de conquistar Olimpíada, governo do Rio iniciou obras do metrô sem saber quanto elas custariam. Foto: Henrique Freire/GERJ
A obra de construção da linha 4 do metrô do Rio e sua ligação com a linha 1 usou contratos dos anos 1980 e 1990 para sair do papel. Um deles foi firmado em 1987, antes da lei de licitações e com valores em cruzados, para as obras da General Osório e interligação das linhas 1 e 4. O outro é de 1998, de construção da linha 4. Ela será inaugurada no dia 31, às vésperas do início da Olimpíada.
O Estado, ao reativar os contratos, iniciou as obras sem saber o custo delas. Em 2012, o projeto estava estimado em R$ 5,4 bilhões, mas deve custar R$ 10,4 bilhões. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga o caso, sob suspeita de corrupção. As informações são da Folha de S. Paulo.
O ex-governador Sérgio Cabral teria recebido R$ 2,5 milhões em propinas da Odebrecht relacionadas à obra, de acordo com documentos da Operação Lava Jato. Sérgio Cabral nega. A Odebrecht faz parte da concessionária Rio Barra S.A., responsável por construir a linha 4; e controla a Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), encarregada da ampliação da estação General Osório e pela interligação das linhas 1 e 4.
Legado de Marcello Alencar e Moreira Franco
O contrato da CBPO foi assinado em 1987, no governo Moreira Franco, antes da lei de licitações, de 1993. O documento previa obras entre as estações Siqueira Campos e General Osório, que só existiam no papel, ao custo de Cz$ 2,2 bilhões. Desde então o contrato recebeu 16 aditivos. Em 2011, o valor da obra foi atualizado para R$ 377,5 milhões, e agora está em R$ 738 milhões.
Já a concessão da linha 4 foi feita no governo Marcello Alencar, em 1998. O contrato previa a ligação de Botafogo à Barra, ao custo de R$ 2,9 bilhões, em valores atualizados. O Estado se comprometeria com 45% da obra, que não chegou a ser iniciada. Depois que o Rio foi escolhido sede da Olimpíada, o governo Cabral decidiu construir a linha com o trajeto de Ipanema à Barra, usando o mesmo contrato, sem nova licitação.
As obras foram iniciadas antes do custo ser estipulado, e o primeiro pagamento foi feito em 2010. Em 2012, o projeto foi orçado em R$ 8,7 bilhões, com os cofres públicos responsáveis por 90% do custo total. No final de 2015, um novo aditivo aumentou em R$ 989 milhões.
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