Trens novos foram comprados para a Linha 5-Lilás do Metrô. Foto: Reprodução
O Ministério Público de São Paulo denunciou por improbidade administrativa nove pessoas, entre elas o atual e o ex-secretário de Transportes Metropolitanos do governo Alckmin e seis ex-presidentes do Metrô de São Paulo, após constatar que 26 trens novos estão guardados em pátios, alguns há mais de dois anos. A notícia foi dada em reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo.
Segundo as investigações, os 26 trens foram comprados por R$ 615 milhões. Do total, 16 já foram entregues e dez estão na fabricante à espera de um local para serem guardados. Eles foram comprados para a Linha 5-Lilás, que vai ligar o extremo da Zona Sul com outras duas linhas, que tem sete estações e ainda está em expansão. A previsão inicial de entrega era de 2014 e passou para 2018.
Em 2010, o governo de São Paulo determinou a paralisação das licitações depois de denúncias de irregularidades no processo. Mesmo com as obras paradas, em 2011, o governo comprou os trens.
Na denúncia de improbidade administrativa, o promotor Marcelo Milani diz que “os trens estão abandonados e foram vandalizados”. “Esses trens já estão parados há dois anos, já estão perdendo a garantia. Tudo que está colocado naquele trem, principalmente em questão de eletrônica, de funcionamento, não vai ter utilidade, perdeu a utilidade”, disse Milani.
A investigação apontou ainda que os trens novos têm bitolas (distância entre os trilhos), de 1,37 metro, mas já existe um trecho da Linha-5 Lilás com trens com bitolas maiores.
“Os trens que ali estão não têm a mesma capacidade, têm que ser trocados no curso da mesma linha. Sem contar que o sistema de operação é completamente diferente, por isso também os agentes públicos estão sendo responsabilizados”, afirmou Milani.
Defesa
O secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissoni, o ex-secretário Jurandir Fernandes, o ex-presidente do Metrô Sergio Avelleda, e mais seis foram denunciados.
Jurandir Fernandes afirmou que vai se inteirar do caso para prestar todos os esclarecimentos necessários.
As assessorias do governo de São Paulo, do PSDB, e do secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disseram que quem fala sobre a denúncia do Ministério Público é o Metrô.
O ex-presidente do Metrô Sergio Avelleda disse que desconhece o teor da ação e que esse contrato não foi assinado por ele. A fabricante dos trens, a CAF Brasil, disse que não comenta contratos em andamento em razão das cláusulas de confidencialidade.
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