O Bike Rio, sistema de compartilhamento de bikes do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução
Até o final do ano o Centro de Manaus deve ganhar um sistema de bicicletas compartilhadas. A ideia inicial é a criação de 11 estações, com a previsão de 110 bicicletas, para beneficiar a população que frequenta o espaço e poderá fazer deslocamentos curtos e rápidos para trabalho, lazer e entretenimento. Mas será que os pontos escolhidos e a estrutura é apropriada para receber o sistema?
O sistema já existe em muitas cidades do país e do mundo, é composto por estações de bicicletas inteligentes, distribuídas em diferentes pontos da cidade e visa oferecer uma opção de transporte sustentável, saudável e não poluente.
O edital de chamemento público para o projeto de bike-sharing está aberto para as pessoas jurídicas apresentarem suas propostas. Como responsável pelo desenvolvimento do sistema, o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) informou que o sistema funcionará com estações com autoatendimento e serão instaladas em diversos pontos de uma região, possibilitando ao usuário fazer a retirada da bicicleta usando seu celular/aplicativo ou cartão de acesso.
As primeiras estações devem ser instaladas nas praças centrais de Manaus. “O Centro foi escolhido porque concentra grande parte de praças e parques públicos, espaços culturais, esportivos, de saúde, escolas e o comércio, que será ainda mais valorizado”, explicou o diretor-presidente do Implurb, Roberto Moita.
Para um dos coordenadores do movimento Pedala Manaus, Paulo Aguiar, a iniciativa é interessante e boa, mas para que realmente o projeto caminhe a prefeitura precisa traçar objetivos para a estrutura geral do sistema.
“No edital está algo bem vago, a prefeitura menciona a instalação de bicicletários e as bikes serão de uso público, mas precisa ver a situação de segurança das bicicletas como também da própria população que irá aderir o sistema”, explicou.
Além disso, Aguiar afirma que o Centro não possui ainda uma infraestrutura adequada para rotas de bike. É necessário criar ciclovias e ciclofaixas, para aumentar a segurança do ciclista, pois sem segurança muitas pessoas deixarão de aderir ao sistema.
Outro ponto importante é realizar a implantação de outras estações nos terminais públicos como também em outros pontos estratégicos da cidade.
Planejamento
De acordo com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), “Um bom sistema de bicicletas compartilhadas deve apresentar características de planejamento que resultem em um desempenho eficiente, reduzindo os custos de operação e assegurando que os sistemas possam ser utilizados pelo maior número possível de habitantes de uma cidade”.
O sistema compreende toda a estrutura que vai desde os pontos de retirada da bicicleta, sinalização, segurança, rotas - lembrando das ciclovias e ciclorrotas - o modo como a população irá realizar a retirada do veículo, como será monitorado, entre outros aspectos.
Pontos
Inicialmente, os pontos definidos incluem estações nas praças: da Saudade, Heliodoro Balbi, da Matriz, Tenreiro Aranha, Paço Municipal, Mercado Adopho Lisboa, avenida Eduardo Ribeiro, entre outros.
Blog: Paulo Aguiar, um dos coordenadores do Movimento Pedala Manaus
“No caso de Manaus, e pelas informações passadas pelo Implurb, as estações serão instaladas no Centro da cidade e próximas de pontos turísticos e praças, com uma tendência muito forte para o lazer e entretenimento, porém a prefeitura não deve esquecer também de pensar nas bicicletas compartilhadas como alternativa de transporte, pois há um uso muito forte delas no Centro com esta finalidade”, declarou o coordenador.
“Outro ponto importantíssimo que deve ser observado e levado em consideração antes da instalação é o oferecimento de condições e estímulo ao uso das bicicletas. Deve haver uma campanha bem ampla de esclarecimento quanto ao uso como também uma de sensibilização dos motoristas com cuidado e educação ao ciclista. Também deve haver infraestrutura cicloviária que permita o uso tranquilo da bicicleta, seja com ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas. Sinalização informando as rotas de trafego das bicicletas será fundamental”, complementou.
“Por fim, o sistema não deve ser restrito ao centro. Quanto mais estações em outras regiões da cidade, mais o uso da bicicleta será estimulado. A PMM pode já pensar inclusive em instalar estações nos terminais de ônibus e promover a intermodalidade”, finalizou.
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