Diarmid Campbell-Lendrum é o líder da equipe de mudanças climáticas e saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta semana ele pedalou mais de 560 km, de Genebra a Paris, para participar da 2ª Conferência Global sobre Clima e Saúde, que foi encerrada hoje (8) na capital da França.
O evento reuniu 300 representantes de governos, além do secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, e profissionais de saúde e especialistas em clima. Durante o percurso, Diarmid Campbell postou vários depoimentos no blog "Bike the Talk" sobre os temas do encontro, usando a viagem como base para mostrar como eles se relacionam com questões de saúde do dia a dia das pessoas - de atividade física à nutrição, da qualidade do ar à segurança rodoviária. "Há vários anos a OMS tem dito que a caminhada e o ciclismo são bons para a saúde e para o planeta. Andar de bicicleta para a conferência é a minha maneira de demonstrar apoio a essa recomendação", declarou o pesquisador.
Poluição mata 7 milhões por ano
Apesar da ação positiva do ciclista, o encontro de Paris revelou notícias sombrias sobre as consequências das mudanças climáticas. Segundo a OMS, milhões de pessoas já estão morrendo todos os anos por conta das consequências mas também das causas do aquecimento global.
Principal causa das mudanças climáticas, a poluição ceifa cerca de 7 milhões de vida por ano em decorrência de doenças como câncer de pulmão e acidente vascular cerebral. O mais recente relatório sobre qualidade do ar e energia da Agência Internacional de Energia (IEA), elaborado com base em novos dados para as emissões de poluentes em 2016, mostra que a maior parte da poluição vem do setor de energia, principalmente da queima de combustíveis fósseis.
Epidemias, ondas de calor e inundações
Entre as consequências de maior impacto sobre a saúde estão a maior frequência de epidemias como a cólera, o alcance mais amplo de doenças como a dengue e eventos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações.
Especialistas prevêem que, em 2030, as mudanças climáticas serão responsáveis por outras 250 mil mortes por ano decorrentes da malária, de doenças diarreicas, do estresse térmico e da desnutrição. A carga mais pesada deve recair sobre crianças, mulheres, idosos e os pobres, agravando as desigualdades existentes na saúde dentro das populações.
Os participantes da Conferência de Paris emitiram uma advertência clara de que sem mitigação e adaptação adequadas, o aquecimento global vai criar riscos inaceitáveis para a saúde global. As conclusões do encontro incluem uma agenda de ação com três grandes objetivos:
1. Aumentar a resiliência da saúde aos riscos climáticos, incluindo a garantia de acesso a fontes de energia seguras, limpas e sustentáveis. Esse ponto é importante para reduzir o elevado número de mortes causadas pela poluição do ar.
2. Assegurar apoio para ações de saúde e clima, ou seja, desenvolver de uma nova abordagem que vincule saúde e alterações climáticas. Isso favorece um maior financiamento em mudanças climáticas e saúde, o envolvimento da comunidade de saúde e da sociedade civil na comunicação e prevenção de riscos climáticos e um melhor aproveitamento das oportunidades.
3. Medir o que os países estão fazendo para proteger a saúde das alterações climáticas.
Custo das mudanças climáticas: até 4 bi de dólares/ano
Segundo a OMS, o custo gerado pelos danos diretos para a saúde (ou seja, excluindo os custos em setores determinantes para a saúde, tais como a agricultura, água e saneamento), é estimado entre US$ 2 bilhões e US$ 4 bilhões ao ano até 2030.
Diarmid Campbell-Lendrum chega ao seu objetivo: a Torre Eiffel, em Paris
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