ALÉM DO CALÇAMENTO PÚBLICO, OS LADRILHOS PASSARAM A SER USADOS TAMBÉM POR PARTICULARES. A AMPLIAÇÃO DO USO DO DESENHO NÃO BENEFICIOU A CRIADORA. FOTO: ROBSON MAGALHÃES/REPRODUÇÃO
O desenho do mapa do Estado de São Paulo, que é visto em calçadas e pisos diversos e contribui para dar a cara da cidade, foi criado por uma mulher nos anos 1960. Trata-se de um mapa estilizado, de formas geométricas brancas e pretas, que se alternam, criando um padrão.
A artista Mirthes Bernardes - na época, funcionária na Secretaria de Urbanismo do município - inventou o modelo para um concurso cujo objetivo era padronizar o calçamento da cidade, promovido pelo então prefeito José Vicente Faria Lima, em 1965.
“Comecei a rabiscar e surgiu o mapa. Foi sem querer.”
Veja entrevista para a TV Folha, em 2015
A proposta de Mirthes foi escolhida e o padrão de sua autoria passou, nos anos que se seguiram, a ser pavimentado nos calçamentos. Ela conta ter se emocionado ao vê-lo pela primeira vez, no centro da cidade.
“Foi muito emocionante quando vi a calçada pela primeira vez, na rua Amaral Gurgel”
Depois, os ladrilhos passaram a ser produzidos e colocados também por particulares, tornando o desenho um símbolo que extrapolou o chão e ganhou outros produtos. Paradoxalmente, a ampliação do uso não beneficiou a criadora.
“Quando eu patenteei, eu fui informada de que teria direito a uma porcentagem por calçada implantada. Eu só não teria direito ao canteiro central. Mas ficou por isso mesmo. A coisa foi tão enrolada, basta você ver que faz 50 anos e não consegui nada.”
Mirthes diferencia os usos que considera uma homenagem dos que julga exploração da sua criação. Para ela, usar o desenho em cartões postais, por exemplo, é um tributo ao seu trabalho, enquanto lucrar ativamente com ele sem que ela participe é lesá-la.
Segundo ela, a marca de calçados Havaianas lançou, em 2014, uma linha de chinelos estampando as calçadas que são associadas ao Rio e a São Paulo, e ela nunca recebeu nada por esse uso.
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