Nas palestras que faz Brasil a fora, a equipe do Mobilize costuma mostrar o exemplo de transformação do rio Cheonggyecheon, em Seul (Coreia do Sul), em um belo parque linear com cascatas, fontes e peixes.
O renascimento do rio começou em julho de 2003, depois de uma consulta à população. A prefeitura da cidade implodiu um enorme viaduto, com cerca de 620 mil toneladas de concreto que havia sido construído entre os anos 1960 e 1970.
Rio Cheonggyecheon, no começo dos anos 1960: favela cedia lugar a uma grande via elevada Foto: blog.naver.com/flowerbud21
Final dos anos 1950: habitações em palafitas
Bem antes disso, no final dos anos 1950, quando a Coreia estava saindo da guerra que devastou seu território, o Cheonggyecheon era ocupado por uma grande favela contínua, em palafitas. Com a explosão da frota de automóveis, o vale foi ocupado por uma avenida de várias pistas e, posteriormente pelo elevado, finalmente demolido para a construção do parque.
A intervenção no Cheonggyecheon integra um grande plano, incluindo mudanças estruturais no transporte público e a construção de vários parques lineares na cidade. O custo total foi de US$ 370 milhões, bem menos do que o governo do estado de São Paulo desperdiçou na ampliação das avenidas ao longo dos rios Tietê e Pinheiros, em 2010.
Voltando a Seul, uma curiosidade: na verdade, as águas do Cheonggyecheon continuam poluídas e correm em dutos sob a estrutura do parque. Há um trabalho em curso para a despoluição do rio, que em breve será trazido de volta à superfície. Afinal, o nome Cheonggyecheon significa "rio de águas límpidas". Boa política e boa engenharia a serviço da comunidade.
Rio Cheonggyecheon depois da intervenção que demoliu o elevado, recuperou as águas e criou o parque linear Foto: SMG
Leia mais no excelente texto do pesquisador Ferdinando de Sousa
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