Trilhos ainda inoperantes desenham nosso fracasso

Faltando dois meses para os Jogos Olímpicos do Rio, o metrô ainda não está pronto. Leia a coluna do jornalista Roberto Dias, da Folha de S. Paulo

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Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Roberto Dias  |  Postado em: 17 de junho de 2016

O presidente interino, Michel Temer, em visita ao

O presidente interino Temer em visita ao Parque Olímpico

créditos: Ricardo Borges/Folhapress

 

Em 2008, dois meses antes dos Jogos de Pequim, o então presidente chinês deu uma voltinha olímpica. Hu Jintao pegou metrô em duas linhas recém-construídas, comprou bilhete na máquina para ir até o novo maior aeroporto do mundo e mostrou que, pelo bem ou pelo mal, o evento tinha mudado a vida na cidade.

 

Em 2012, o premiê David Cameron montou num vagão do Tube de Londres e deslizou até o Parque Olímpico, na revitalizada zona leste da cidade, para assistir à competição de saltos ornamentais. A "photo op", como são chamadas essas aparições pensadas para a mídia, levava uma mensagem simples: a população deveria dar preferência ao transporte público.

 

Em 2016, o interino Michel Temer não anda podendo nem uma coisa nem outra. Nesta semana, faltando dois meses para os Jogos do Rio, precisou de helicóptero e carro para chegar ao Parque Olímpico da Barra, onde um protesto o esperava lá mesmo, no estacionamento.

 

Temer também não sabe se em agosto, na Olimpíada, poderá fazer diferente, e não é só por causa da votação do impeachment.

 

A entrega do metrô dos Jogos antes dos Jogos trafega na curva das probabilidades. "Estão sendo finalizados os estudos financeiros", disse o presidente, 50 dias antes da abertura, sobre o financiamento para acabar a obra —já existe um plano B, com ônibus que seriam tirados do uso diário dos cariocas para servir os visitantes olímpicos.

 

Não dá para dizer que não se falou disso antes. O relatório do Comitê Olímpico Internacional que avaliou a candidatura carioca, ainda em 2009, falava da expansão do metrô e dizia: "Os projetos estão totalmente garantidos, com investimentos dos três níveis de governo".

 

Não dá nem para dizer que o plano de levar o metrô à zona oeste do Rio era novo: a promessa vinha do Pan de 2007.

 

Os trilhos ainda inoperantes numa situação-limite dessas contam muito do fracasso da nossa infraestrutura urbana.

 

Quem acha que o problema é só do Rio pode dar uma voltinha (de carro ou ônibus) até Cumbica. Verá que o trem prometido em São Paulo para a Copa de 2014 ainda não passa de uma fileira de pilares.

 

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