A segurança dos usuários da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro durante a Olimpíada está ameaçada, de acordo com um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) apresentado na última quinta-feira (9), que argumenta que o atraso nas obras reduziu o período de testes do meio de transporte.
Segundo o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho, a previsão inicial era que a fase de testes da Linha 4 deveria durar cerca de um ano antes da abertura ao público, mas, com o atraso nas obras, esse período foi encurtado para apenas dois meses.
"Isso é preocupante", disse Carvalho a jornalistas. "A nossa sugestão é que o Estado se organize para que não ocorra nenhum acidente durante os Jogos, mas a operação deveria começar com uma capacidade menor do que o Estado está prevendo", acrescentou.
Considerado o principal projeto de legado de transporte para o Rio em consequência dos Jogos Olímpicos, a expansão do metrô até a Barra da Tijuca enfrenta problemas de financiamento que tiveram impacto no andamento das obras.
A previsão atual é que o novo trecho só comece a operar em 1º de agosto, às vésperas do Jogos que serão abertos no dia 5 do mesmo mês. Além disso, a Linha 4 irá operar de forma restrita e só para a família olímpica, incluindo torcedores com ingressos para provas dos Jogos.
Segundo o presidente do TCE-RJ, a abertura do metrô antes da Olimpíada é uma decisão política e o governo do Estado deveria avaliar melhor se é seguro o funcionamento da Linha 4 durante os Jogos.
O relatório feito por técnicos do TCE atesta ainda que o ritmo acelerado das obras para tirar o atraso no cronograma e o grande volume de serviços suscitam dúvidas sobre "a suficiência do tempo reservado para todos os ajustes e testes necessários para a realização de uma operação segura e confiável".
Procurada, a Secretaria Estadual de Transportes informou que o período exigido para a realização de testes do sistema e do material rodante foi iniciado dentro do prazo determinado, respeitando o que está disposto no contrato de concessão.
O estudo do TCE também levantou suspeitas sobre os gastos totais de cerca de 10 bilhões de reais na Linha 4 do metrô, mas o presidente do tribunal disse que ainda não se pode afirmar que houve irregularidades.
Para concluir a obra do metrô a tempo para os Jogos Olímpicos, o Estado do Rio depende de um empréstimo de quase 1 bilhão de reais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas a inadimplência do governo estadual em outros financiamentos devido a uma grave crise financeira enfrentada pelo Estado suspendeu a liberação desses recursos.
O secretário da Fazenda do Estado, Julio Bueno, disse à Reuters nesta quinta-feira que está conversando com o governo federal sobre a liberação dos recursos.
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