Na semana passada o jornal paranaense Gazeta do Povo publicou uma reportagem sobre certo desinteresse dos jovens brasileiros pelo uso do automóvel. O texto mostra a queda no número de novas carteiras de motoristas, especialmente na faixa entre 18 e 30 anos de idade.
A matéria reitera a tendência já observada em artigo publicado pelo The New York Times em 2012, que apontava a preocupação da indústria de automóveis com essa mudança mundial.
Se, de um lado, a indústria procura desenvolver campanhas para "rejuvenescer" o carro, em outras frentes todas as grandes marcas já desenvolvem projetos alternativos, especialmente com sistemas de carros compartilhados, tal como os já existentes em Paris, Londres, Tóquio e inúmeras outras cidades, especialmente na Europa, Ásia e Austrália. As previsões mais conservadoras indicam que em 2025 esse segmento movimentará cerca de 6,5 bilhões de dólares por ano.
A futura cidade de Masdar, nos Emirados Árabes, por exemplo, terá somente carros elétricos e "dobráveis" para uso de todos os moradores. Mas também terá transporte coletivo subterrâneo e sistemas de bicicletas compartilhadas. A meta é chegar a zero emissões de carbono.
Masdar ainda está sendo construída, mas as cidades de verdade também projetam um futuro próximo com menos carros, para que as pessoas voltem a desfrutar os espaços urbanos, o que pode parecer uma proposta romântica, utópica, mas tem bases econômicas bastante sólidas. Um estudo da International Council on Clean Transportation (ICCT) revela que o Brasil pode economizar mais de 30 bilhões de reais por ano se optar por transportes movidos a eletricidade, biocombustíveis e, sobretudo, os meios ativos, como a bicicleta e o simples caminhar.
Daí, vale registrar que na semana passada as organizações Brasília para Pessoas e Corrida Amiga inauguram um trecho de calçada na Asa Norte de Brasília que eles mesmos reconstruíram. Foi um ato simbólico para estimular alguma reação positiva do poder público.
Lembramos, também, o levantamento "Como Anda" organizado pelo pessoal do Cidade Ativa, que pretende mapear as organizações brasileiras que trabalham pela mobilidade a pé.
Um detalhe revelador: Brasília para Pessoas, Corrida Amiga e Cidade Ativa são formadas por jovens, todos na faixa dos 30 anos, ciclistas e caminhantes convictos. CQD.
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil
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