Em São Paulo, nos vagões do Metrô de São Paulo e em trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) já há espaço reservado para transportar bicicletas. Já na Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), também na esfera do governo do estado, a empresa estuda se o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que começou a operar comercialmente na região de Santos (SP) em janeiro, oferecerá vagão bicicletário.
O presidente da Associação Brasileira de Ciclistas, Jessé Teixeira Félix, afirma que esse foi um dos pedidos da instituição durante as audiências públicas sobre o VLT. “Hoje, com transporte caríssimo e não ter um horário certo para o coletivo passar, a bicicleta é uma opção de economia. Não só de dinheiro, pois uma pessoa que levaria uma hora e meia para ir de casa ao trabalho de ônibus pode gastar 20, 30 minutos de bicicleta”, explica.
Com o VLT integrado às bicicletas, Félix acredita que o ciclista ganharia uma opção. “O universitário que vai estudar de bicicleta e tem uma estação próxima à universidade pode pensar em voltar para casa, num dia de chuva ou que esteja mais cansado, de VLT”.
Por nota, a EMTU afirma que a possibilidade do acesso das bicicletas ao VLT “será avaliada posteriormente entre a EMTU e Consórcio BR Mobilidade quando o primeiro trecho entre o Terminal Barreiros, em São Vicente, e o Porto de Santos estiver em plena operação”, levando em consideração a “movimentação dos usuários e suas necessidades, para atender de forma satisfatória a maioria dos clientes”.
Parada
A EMTU afirma que as estações terão paraciclos, com dez vagas, e o número pode ser revisto conforme a demanda. A estatal pretende instalar um bicicletário com capacidade para 80 unidades no Terminal Barreiros, que deve dispor também de sanitários e estrutura de apoio para os ciclistas.
No material encaminhado ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Santos (Comdema), onde mostra o projeto de quatro estações – Barreiros, João Ribeiro, Nossa Senhora de Lourdes e Pinheiro Machado –, os espaços para as bicicletas estão fora da plataforma de embarque. Nesta última, por exemplo, o espaço destinado para as bicicletas fica do outro lado do Canal 1, perto da Rua Marquês de São Vicente.
O presidente da ABC questiona esse modelo de estacionamento para bicicletas. “O paraciclo deveria ser utilizado para paradas rápidas. Uma pessoa que vai ao mercado e deixa sua bicicleta na porta do estabelecimento, por exemplo”.
Félix aponta como problema principal a questão da segurança. “A pessoa tem medo de deixar a bicicleta que custa em média R$ 400,00 com uma corrente e um cadeado, sem ter ninguém olhando, durante seu horário de trabalho, sujeita a alguém passar, arrebentar a proteção e levar o veículo”.
O dirigente acredita que a solução para a tranquilidade do ciclista esteja em estacionamentos privados e bicicletários públicos. “Em São Vicente, 80% das pessoas que vão trabalhar de bicicleta acabam pagando estacionamento. Eles pagam cerca de R$ 1,30 por dia e sabem que a bicicleta vai estar lá (no fim do expediente)”.
Em Santos, alguns estacionamentos oferecem esse serviço. “Mas o ideal seria que a Cidade tivesse três bicicletários públicos, ainda que administrados pela iniciativa privada, na Ponta da Praia, no Centro e no Gonzaga”, avalia.
Para o diretor presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos, Antônio Carlos Silva Gonçalves, “poderíamos até ter bicicletários, mas precisaríamos ter uma demanda concentrada. Em Santos, perto da barca (estação de embarque, próximo à Alfândega) seria uma opção. Para as bicicletas, o principal objetivo que temos é completar o projeto existente: primeiro, implantamos as ciclovias, depois veio o Bike Santos e, agora, tratamos dos paraciclos”.
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