Uma ponte de dois andares destinada ao trânsito de carros, pessoas e bicicletas, que inclui ainda áreas de comércio e lazer, é a alternativa proposta pela arquiteta Mirna Cortopassi Lobo para a travessia entre Guaratuba e Caiobá, em Matinhos, no litoral do Paraná.
O projeto ousado se molda como uma solução para atender os cerca de um milhão de veículos que dependem do ferry boat para o acesso, além de estimular o turismo e criar um novo marco na região. Se for construída, a ponte será a primeira do tipo na América Latina. Entre as mais conhecidas no mundo estão a Bay Bride (EUA), a Tsing Ma (China) e a Yeongjong Grand (Coreia do Sul).
No pavimento superior passariam veículos leves, pessoas e bicicletas. O andar inferior seria destinado para áreas comerciais, como lojas, restaurantes, espaços de lazer, mirantes e outras estruturas voltadas aos turistas.
Dois pontos estão sendo avaliados para a implantação da estrutura estaiada, com dois pilares. O primeiro e preferido pela idealizadora teria 700 metros de vão. Já o segundo, considera a ligação pelo mesmo trajeto do ferry boat, com 1,2 mil metros.
Melhorar o acesso
A arquiteta conta que a ideia surgiu enquanto elaborava o plano-diretor para a cidade de Guaratuba, encomendado pela prefeitura, onde identificou que um dos principais entraves era o acesso. Como essa questão não poderia ser resolvida pela administração do município, Mirna decidiu apresentar a proposta para o governo estadual.
O modelo pretendido é uma parceria público-privada (PPP), em que parte da obra é bancada pelos cofres públicos e o restante vem de uma empresa que cobra um pedágio um pouco mais barato.
Pela proposta de Mirna, o projeto ficaria mais caro, mas teria outras fontes de renda além da tarifa cobrada pela circulação, como a locação ou venda dos 12 mil metros quadrados de espaços comerciais. A arquiteta também pensou numa área de estacionamento para mais de 500 veículos em cada lado da ponte e calculou em vários milhões de reais o que seria arrecadado se cada um pagasse R$ 5 por hora.
Além disso, haveria espaço para uma marina. “É muito comum que barcos atraquem naquela região para ver o nascer e o pôr do sol”, comenta. O uso dos elevadores panorâmicos também seria cobrado. Mirna ainda acredita que circuitos de pesca amadora e de visitação arqueológica dos 107 sambaquis da região poderiam ser atrativos extras.
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