Depois de quatro dias sem operação, os trens do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) voltaram a operar comercialmente no trecho entre as estações Mascarenhas de Moraes, em São Vicente, e Pinheiro Machado, em Santos. Os dias parados reduziram ainda mais o movimento de passageiros do novo meio de transporte, que ainda sofre pela falta de integração com as linhas intermunicipais e municipais de ônibus.
Segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), a média diária de usuários do sistema é de 1,5 mil pessoas.
“Hoje, com certeza, o movimento está menor, pelos dias parados. Mas desde que começaram a cobrar passagens, dificilmente um vagão chega a ficar cheio”, conta um funcionário que atua na catraca de uma estação vicentina, citando como exceções os finais de semana de sol, quando o movimento aumenta, em razão dos passageiros que vão à praia.
A impressão de muita gente é que a ideia do VLT ainda não engrenou. Os números preliminares da EMTU repassados durante as obras – que prosseguem na maior parte do trecho de Santos – falavam em cerca de 70 mil usuários atendidos todos os dias. Ou seja, hoje o sistema opera com menos de 3% de sua capacidade.
“A gente fica aqui no portão, observando, e está quase sempre vazio. Eu imaginava que, por ser uma novidade, as pessoas iriam lotar. Mas o preço alto também não ajudou muito”, comenta Ricardo Santos, morador da Linha Amarela, em São Vicente, que apesar de morar a poucos metros da Estação Mascarenhas de Moraes ainda não andou de VLT.
Experiência diferente de Cleusa Nascimento, também de São Vicente, que tem utilizado o trem praticamente todos os dias.
“Eu trabalho como doméstica em uma residência no Itararé e, para mim, facilitou muito. O nível é outro, não fica cheio, parece outro mundo”, diz, sem polemizar o preço da passagem. “Pago R$ 3,80, mas pelo menos não sou levada como gado”.
Se a experiência de quem anda é positiva, quais as razões para a falta de público? Para o estudante Murilo Ferreira, a resposta é simples. “No meu caso, que estudo na Conselheiro Nébias, em Santos, não vale a pena, porque tenho que pagar o trem e o ônibus. É claro que se já tivesse o sistema de integração as coisas seriam melhores”.