Ciclovias em SP chegam a 381 km, mas falta manutenção

Vinte meses após o início do programa municipal, malha cicloviária aproxima-se da meta de 400 km. Mas há buracos e falhas de sinalização que podem provocar acidentes

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa/ Mobilize  |  Postado em: 24 de fevereiro de 2016

Rede cicloviária de São Paulo: meta de 420 km até

Rede cicloviária de SP: meta de 420 km até dezembro

créditos: CET/ Google


Está mais fácil - e seguro - circular de bicicleta na capital paulista, o que explica o visível aumento de ciclistas nas vias de toda a cidade. Mas o programa de expansão das ciclovias de São Paulo não conseguiu atingir a meta de 400 km em 2015, como prometia o prefeito Fernando Haddad. 

A prefeitura explica que o cronograma de implantação das ciclovias foi estendido para o final de 2016 em função de questionamentos levantados pelo Tribunal de Contas do Município e pelo Ministério Público do Estado, que geraram paralisações nas obras. A nova meta prevê a construção de mais 140 km de ciclovias na cidade, o que elevará a quilometragem das vias cicláveis a cerca de 420 km.

 

Na semana passada, o Ministério Público Estadual acionou o prefeito da cidade, Fernando Haddad, e alguns secretários municipais por "improbidade administrativa" na construção do trecho de ciclovia entre o Parque Ibirapuera (zona sul) e o Ceagesp, na zona oeste.

 

Na argumentação (leia a íntegra), os procuradores questionaram a qualificação dos técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para planejar e projetar o sistema cicloviário. assim como a qualidade das obras resultantes: “O fruto das condutas dolosas e manifestamente ilegais dos demandados é de conhecimento público e notório: a construção açodada de ciclovias, sem o planejamento e estudos prévios, técnicos e confiáveis; ausência de participação efetiva da sociedade civil organizada; execução de obras de péssima qualidade, onerando excessivamente os cofres públicos, prejudicando a circulação da cidade, colocando em risco as vidas de ciclistas e pedestres e obrigando o refazimento e a reforma precoce de serviços já executados", afirma o texto da ação.

 

Mas vale lembrar que os procuradores que assinam a proposição, Marcelo Camargo Milani e Nelson Luís Sampaio de Andrade, basearam-se em matéria publicada há um ano (em fevereiro de 2015) pela revista Veja São Paulo, com dados questionáveis, que à época foram esclarecidos pela prefeitura. A mesma matéria da revista semanal já havia sido alvo de uma série de artigos críticos de cicloativistas, entre eles o jornalista Du Dias, colaborador do Mobilize Brasil, em março de 2015.


Acidentes

É inegável, contudo, que há sim problemas nas pistas vermelhas que se espalham pela cidade. No final de janeiro, a ciclista Lilian Azevedo Frazão sofreu um grave acidente na nova ciclovia da avenida Pacaembu, região central da capital paulista, quando a roda de sua bicicleta ficou presa em uma fenda sobre uma galeria de drenagem. A prefeitura lamentou o fato e explicou que "ocorreu um deslocamento da tampa do bueiro".

 

O acidente acende a luz amarela para a necessidade de mais cuidado dos gestores públicos na construção e manutenção das ciclovias paulistanas. Em entrevista ao Mobilize, em novembro passado (leia mais), o secretário Jilmar Tatto, dos Transportes, explicou que a manutenção do sistema cicloviário foi atribuída às Subprefeituras, o que de fato está ocorrendo, com mais ou menos empenho.

 

Para conferir o assunto, percorremos ontem (23) alguns trechos dessas vias, entre o bairro de Santana, na zona norte, e o estádio do Pacaembu, na região central. Foram poucos mais de 22 km, ida e volta, que permitiram detectar vários pontos críticos.

 

Travessia da Ponte das Bandeiras: falta manutenção!
 

Implantada há 14 meses, a obra melhorou muito a travessia de ciclistas e pedestres que cruzam diariamente a ponte sobre o rio Tietê. Mas, sem manutenção, o sistema de sinalização praticamente desapareceu, assim como algumas placas, atingidas por veículos fora de controle. O pavimento de concreto está bastante fraturado, com trincas, falhas e alguns buracos perigosos.


Ciclovia da av. Santos Dumont: quase pronta, cuidem bem dos detalhes!

Ainda em implantação, o trecho já é bastante utilizado por ciclistas. Corre-se o risco de bater o rosto nas folhas dos jerivás e outras árvores que ainda não foram ajustadas, mas é bem mais seguro do que pedalar no tráfego pesado do corredor norte-sul. 

 

Ciclovia do Bom Retiro: cuidado com os buracos...

Este trecho, pela rua Rodolfo Miranda e rua Prates, já nasceu bem sofrido, em abril de 2015. O problema é o asfalto cheio de ondulações e a presença de alguns buracos-surpresa na descida/subida da rua Prates.

 

Ciclovia da Alameda Nothman: lixo e buracos na pista

 

O trecho liga o bairro do Bom Retiro a Santa Cecília e Higienópolis. Além de carros, que volta e meia invadem a ciclovia, o trecho sofre com uma série de buracos feitos por concessionárias de telefonia. Em alguns pontos - nas proximidades do pontilhão ferroviário - restaram crateras com até 30 cm de profundidade, que podem ser muito perigosas, especialmente à noite. Em outros trechos - como na esquina da Funarte - há depósitos de entulho e lixo sobre a ciclovia. 

 

Ciclovia da General Olímpio da Silveira: Lavem-me, por favor!

 

Construída sob o elevado Minhocão, a ciclovia é muito utilizada, a qualquer hora do dia, apesar dos problemas de sinalização e visibilidade, que exigem muito cuidado com as pessoas que saem dos ônibus. O jeito é ir bem devagar. Nesse trecho o maior problema é a sujeira e a água que pinga sob as vigas da via elevada. Uma lavagem por semana melhoraria muito o aspecto do lugar.

 

Ciclovia da avenida Pacaembu

 

A falha que derrubou a Lilian Frazão foi corrigida e o pavimento está com ótima qualidade. Problema: as pistas são estreitas para a densa vegetação do canteiro central. Em alguns pontos, talvez seja necessário remover algumas plantas do paisagismo. Ou então, melhor, "roubar" mais alguns metros da pista de automóveis. 

 

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