Paulista Aberta é mais silenciosa e menos poluída, diz estudo

Testada durante o domingo ensolarado do dia 28 de junho, junto à inauguração da ciclovia da Paulista, a abertura da via iniciou um debate caloroso na mídia

Notícias
 

Fonte: Cidade Ativa  |  Autor: Cidade Ativa  |  Postado em: 01 de fevereiro de 2016

Domingo de Paulista Aberta com via voltada ao laze

Domingo de Paulista Aberta com via voltada ao lazer

créditos: Cidade Ativa

 

Desde o final de 2014 uma rede formada por grupos e coletivos de São Paulo, encabeçado pelas organizações Sampapé e Minha Sampa, demandava uma Paulista Aberta aos domingos, ou seja, a destinação da via ao lazer para pedestres e ciclistas durante esses dias, restringindo o acesso de veículos. Testada durante o domingo ensolarado do dia 28 de junho, junto à inauguração da ciclovia da Paulista, a abertura da via iniciou um debate caloroso na mídia, que revelou vozes contrárias à medida alegando que a abertura da avenida causaria inúmeros transtornos para comerciantes e moradores da região.

 

À época da consolidação da Paulista Aberta, alguns desses argumentos contrários foram sendo “desmistificados” através de pesquisas e da própria vivência da via aberta. Uma matéria da Carta Capital mostrou que nenhum hospital entrevistado se opunha à abertura da via para lazer. Além disso, uma pesquisa feita pelas entidades SampaPé e Minha Sampa revelou que 50% dos comerciantes da avenida eram a favor da abertura a pedestres e ciclistas aos domingos e que apenas 25% eram contrários.

 

Atualmente, a Paulista Aberta apresenta-se como um sucesso, com alta adesão da população aos domingos. Mesmo assim, estudos sobre os impactos da implantação avançaram ao longo dos últimos meses.

 

Uma parceria entre a Faculdade de Medicina da USP e a ONG Cidade Ativa buscou avaliar a influência da abertura da Avenida Paulista na poluição sonora e do ar. Alguns argumentos contrários à implantação da via aberta ao lazer alegavam que a medida aumentaria o ruído na Avenida Paulista e também nas vias paralelas com o desvio dos ônibus, atrapalhando os moradores durante o seu dia de descanso.

 

O estudo, realizado entre final de novembro e início de dezembro de 2015, baseou-se na metodologia do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP (LPAE), que faz medições em campo com equipamentos que captam ruído e material particulado. “Ainda que não seja uma pesquisa científica, na qual seriam necessários meses de medições contínuas, o estudo realizado para a Paulista Aberta considerou os fatores externos no momento das coletas e permitiu comparar a concentração de poluentes e ruído na via aberta aos carros com a mesma aberta às pessoas”, declarou Marco Martins, especialista em qualidade do ar do LPAE-USP.

 

Os dados do estudo, coletados pela equipe da Cidade Ativa durante um domingo de Paulista Aberta e uma sexta-feira comum, foram avaliados pelo LPAE-USP e indicam que a medida de abertura de vias não aumenta o ruído ou poluição na região, refutando os argumentos contrários à medida, tanto na Avenida Paulista quanto nas vias paralelas. Mesmo com o desvio dos ônibus aos domingos para a Alameda Santos, um dos pontos de medição do estudo, os níveis de poluição do ar e sonora se mantiveram mais baixos nos dias de via aberta ao lazer.  

 

Em todos os pontos de coleta houve redução dos níveis de poluentes no ar no domingo em comparação com o dia de semana. Mesmo assim, em todas as medições a poluição do ar está acima do preconizado pela OMS e também acima do aceito pela CETESB.

 

A poluição sonora, por sua vez, também manteve-se mais baixa no domingo, apesar das diversas manifestações culturais que ocorrem na via aberta. “A qualidade do ruído não está contemplada nos dados, mas sabemos que som de uma banda tocando aos domingos na avenida é muito mais agradável aos ouvidos do que aquele que vem dos veículos”, comentou Rafaella Basile, arquiteta da Cidade Ativa e colaboradora do estudo.

 

É necessário, ainda, aprofundar os estudos com a coleta de mais dados de poluentes e ruídos, mas espera-se que os resultados dessas primeiras medições sejam similares em outras vias abertas da cidade. Uma Paulista Aberta mais silenciosa e menos poluída é um indicativo de que a medida pode e deve ser replicada em outras vias, melhorando a qualidade de vida dos seus cidadãos.

 

Quer saber mais sobre esse estudo? Acesse o relatório completo das pesquisas da Cidade Ativa sobre a Paulista Aberta aqui.

 

Leia também:

Ônibus a bateria seguem operando em SP 

"Bicicleta não é meio de transporte", diz engenheiro da Poli 

Frota de carros de Mogi das Cruzes (SP) dobra em dez anos 

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário