O público dos Jogos Olímpicos terá prioridade nos transportes de massa do Rio durante o evento, que será realizado entre 5 e 21 de agosto. Em dias e horários de competições que atraírem mais gente do que o metrô, o trem ou o BRT for capaz de carregar, somente passageiros que possuírem o cartão de transporte olímpico — que custará R$ 25 por dia — poderão usar as principais linhas e estações de acesso aos locais de torneio.
A prefeitura ainda estuda os dias e horários nos quais precisará restringir o uso de alguns serviços de transporte aos cariocas que não estiverem indo às competições. Os visitantes não poderão chegar de carro aos Jogos.
“É possível que em alguns dias de pico na Barra, por exemplo, o metrô da Linha 4 não comporte o cidadão do dia a dia mais os espectadores dos Jogos. Daremos preferência ao público dos Jogos e direcionaremos os outros modais, o ônibus, o BRT, para uso do cidadão comum”, avisa o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani.
Segundo ele, a medida será tomada em respeito não só ao “cliente olímpico”, mas também à população da cidade. “O morador do Rio tem o direito de saber que aquele modal vai estar lotado de gente indo para o jogo. Ele não quer ir no tumulto, quer pegar outra opção que o tire dessa confusão”, ressalta Picciani.
Além da Linha 4, que será inaugurada em julho e vai ligar Ipanema à Barra, os serviços mais sujeitos a medidas restritivas são o Lote Zero do Transoeste, atualmente em obras entre o Terminal Alvorada e o Jardim Oceânico, trens e estações da SuperVia que dão acesso ao Engenhão e ao Complexo Esportivo de Deodoro e o metrô em direção ao Maracanã. Os dias 12, 16 e 17 de agosto serão prováveis datas de restrições na Barra e no Maracanã.
O cartão olímpico permitirá o livre embarque em qualquer meio de transporte ao longo do dia e será vendido em estações de alta capacidade de metrô, trem, BRT, aeroportos e na rodoviária. Haverá três opções de bilhete: para um dia, R$ 25; para três dias, R$ 70; e para sete dias, R$ 160.
O bilhete especial poderá ser adquirido tanto pelo público que for aos jogos quanto pelos demais cariocas. As roletas ficarão destravadas nos horários de saída de algumas competições para evitar tumulto.
Cariocas ficam indignados com a restrição
Engenheiro de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas ressalta que restringir o transporte é uma medida comum em eventos de grande porte no mundo. “O Rio está sintonizado com o pessoal de Londres, e lá foi feito exatamente isso. Não é uma boa situação para o carioca, mas é indispensável para onde há esse tipo de evento”, afirma.
Nas ruas, a notícia deixou passageiros indignados. “Acho ridículo, porque se é o carioca que mora aqui, ele tem que ter privilégio, não o turista. Que gracinha. É lindo isso”, desabafou a doméstica Maria Lúcia Souza, 60 anos.
“A gente já sofre todo dia no transporte e ainda vai ter opção a menos pra dar lugar pra turista?”, critica a auxiliar de tesouraria Dircéia de Oliveira, 54.
“Vai favorecer só o pessoal que vem de fora. A gente mesmo vai ser prejudicado”, opina José de Oliveira Santos, 51.
Na final da Copa de 2014, o ramal da SuperVia que chegava ao Maracanã também ficou exclusivo para os visitantes do estádio. Para Rojas, em alguns casos os cariocas não vão sentir impacto, porque ainda não dependem de transportes como o BRT Transolímpico, a Linha 4 e o Lote Zero do Transoeste, que estão em obras.
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