A batalha entre taxistas e o aplicativo Uber ganhou mais um capítulo. A PBH alterou o sistema de táxi na capital via decreto e criou a categoria de táxi Premium, numa tentativa de minar o crescimento da multinacional. O novo decreto estipula que até 750 novos veículos de luxo passarão a circular pelas ruas; por ora, não interfere na tramitação do PL 1.797/2015 na Câmara de Vereadores, que proíbe o Uber como existe hoje.
A revolta dos taxistas contra o aplicativo não é exclusividade do Brasil. O Uber tem tido problemas para se estabelecer nos mercados mundo afora, pelas dificuldades impostas pelos governos locais, geralmente pró-táxis. No entanto, as atuais políticas para o serviço não são suficientes para atender à demanda da sociedade. O Uber é melhor e mais barato que o táxi. E, se vingar, o Premium será melhor que o táxi, mas mais caro.
No Brasil, a animosidade dos taxistas com o Uber produz intensas manifestações nas maiores cidades do país, chegando ao extremo do cometimento de sequestros e agressões contra motoristas do aplicativo. Em quase todos os lugares, o poder público tem se mostrado despreparado para enfrentar o desafio de contestar, legalmente, um serviço de transporte individual privado previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Para um leitor, a implantação do Premium é uma medida paliativa. Ao criar algo similar ao Uber, o poder público faz média com uma corporação, reconhecendo que ela tem direito a uma reserva de mercado. Em mais uma de suas tiradas desastradas, o Executivo declarou que “nós não precisamos de vocês”. Ele deveria ouvir os usuários, que são a parte que tem sido menos ouvida pelos representantes do Executivo e do Legislativo.
O governo de Belo Horizonte deveria mudar de atitude, convocando a população a se manifestar. Na era de TI, o atual modelo, unilateral, com decisões que partem do Executivo e do Legislativo, exclusivamente, está esgotado.
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