Passarela em Uberlândia (MG) é rejeitada por pedestres

Estrutura entregue há três anos quase não é usada pelas pessoas, que preferem aguardar o semáforo sobre a passarela abrir e atravessar pela faixa de segurança

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Fonte: Correio de Uberlândia  |  Autor: Pablo Pacheco  |  Postado em: 25 de novembro de 2015

Pedestres preferem a faixa embaixo da passarela

Pedestres preferem a faixa embaixo da passarela

créditos: Cleiton Borges

 

Inaugurada em dezembro de 2012, ao custo de R$ 1,5 milhão, a passarela para pedestres na avenida João Naves de Ávila, em frente à estação 4 do corredor de ônibus, na zona leste de Uberlândia, continua funcionando parcialmente. Os elevadores estão desativados, impedindo o uso da estrutura por parte de deficientes físicos e portadores de mobilidade reduzida. E os pedestres quase não usam a estrutura, preferindo aguardar a abertura do semáforo, que fica embaixo da passarela, e atravessar pela faixa de pedestres.

 

Em 30 minutos de observação feita pela reportagem do Correio de Uberlândia, na segunda-feira passada (16), entre 7h50 e 8h20, cinco pessoas usaram a passarela e mais de 100 cruzaram a avenida pela faixa. O secretário municipal de Trânsito e Transportes, Alexandre Andrade, afirmou que a solução encontrada pela Prefeitura é de manter o funcionamento parcial da passarela. Ou seja, o semáforo continua ativado e a estrutura pode ser utilizada apenas por quem não possui mobilidade reduzida.

 

De acordo com o secretário, entre 15 mil e 18 mil pessoas passam pelo local, além do fluxo de 80 mil veículos que trafegam pelos dois sentidos da avenida. Andrade disse que, para refazer a passarela ou readaptar as condições de acessibilidade, segundo o determinado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a Prefeitura teria custo maior do que o R$ 1,5 milhão gastos na construção da obra.

 

Obra mal planejada

“A passarela foi entregue em dezembro de 2012, sem os elevadores, que foram instalados em abril de 2013, sem obedecerem às normas da ABNT. Além disso, nenhuma empresa procurada pela Prefeitura teve interesse em fazer a manutenção do elevador”, afirmou Andrade. “A verdade é que a passarela foi a obra viária com o pior planejamento já visto e entregue à população de Uberlândia pela administração anterior”, disse. A largura da porta do elevador é de 80 cm, enquanto a ABNT determina o mínimo de 90 cm.

 

Segundo a ex-primeira-dama, ex-secretária de Comunicação e de Governo na gestão do ex-prefeito Odelmo Leão (PP) Ana Paula Junqueira, a passarela foi entregue no fim de 2012, sem qualquer tipo de problema. “Todas as normas foram cumpridas pela administração anterior. Existe, sim, uma incompetência técnica do atual secretário de Trânsito e Transportes, que não consegue colocar a passarela em funcionamento”, disse Ana Paula Junqueira.

 

Especialistas criticam obra

Vitor Ribeiro, geógrafo, professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e especialista em mobilidade urbana, defende que, no lugar da construção da passarela, poderia ter sido feito um túnel sob a avenida João Naves de Ávila, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP).

 

“Além da passarela estar inadequada, conforme as especificações da ABNT, temos de ponderar também que nós, brasileiros, culturalmente não estamos preparados para usar a passarela, em vez de correr o risco de atravessar a avenida”, afirmou Ribeiro.

 

O vice-presidente do Conselho Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência (Compod), Gilmar Rabelo, corrobora a opinião do especialista e afirma que a estrutura foi construída sem um planejamento. “Além da falta de acessibilidade e do não funcionamento do elevador, a passarela não está sendo utilizada em sua totalidade”, afirmou Rabelo.

 

Para o mestre de obras Aldair José Pereira, que, diariamente, passa com veículo pela avenida João Naves de Ávila, a melhor situação seria o pleno funcionamento da passarela. “Acredito que, para nós, motoristas, se o acesso de pedestres fosse interrompido na via, o fluxo de veículos na avenida seria mais dinâmico”, disse.

 

Já a vendedora Sílvia Borges Prata do Nascimento afirmou que faz uso da passarela diariamente, mas considera que ajustes precisam ser feitos. “As pessoas com deficiência não conseguem subir a passarela, nem pelas escadas, nem pelo elevador”, disse.

 

MP cobra definição

No dia 23 de setembro de 2014, o promotor Luiz Henrique Borsari, do Ministério Público, entrou com uma ação civil pública contra o município. Borsari alegou que a atual administração apresentou empecilhos para a não utilização da passarela da avenida João Naves.

 

Em setembro de 2015, o juiz João Ecyr Ferreira determinou que uma comissão técnica deve ser definida pelo Ministério Público e pela Prefeitura para avaliar a passarela.

 

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