Em sequência à entrevista publicada na semana passada, que abordou a licitação de ônibus em São Paulo, destacamos a opinião do Secretário Municipal de Transportes, Jilmar Tatto, sobre o uso de veículos elétricos e movidos a combustíveis de baixo impacto. Ele defende a necessidade de consolidar o espaço para os ônibus e somente depois avançar para modos elétricos ou sobre trilhos.
Leia a segunda parte da conversa com o Mobilize:
O Mobilize estimula o transporte ativo, a pé e de bicicleta. E sabemos que o ônibus a diesel causa impacto muito negativo pelas emissões de gases e ruído. Quem já caminhou ou pedalou por uma avenida onde tenha um corredor de ônibus sabe do que estamos falando. Há algum plano para substituir a motorização dos coletivos para sistemas elétricos? Isso não entrou no edital de licitação dos ônibus?
A primeira coisa que precisamos acabar é com essa ideia de que o ônibus polui. Quem polui é o carro. O ônibus contribui somente com 18% dos poluentes gerados pelo transporte.
Sem dúvida, é melhor termos ônibus do que excesso de carros, mas os ônibus poluem sim e fazem muito barulho...
Nós não podemos incluir no edital tecnologias que não estejam disponíveis a curto prazo no mercado e hoje, exceto o díesel, as outras alternativas não estão disponíveis a preços competitivos. De qualquer forma, nós incluímos no edital - tudo planilhado - os custos de várias opções veiculares e de combustíveis, de forma que caso o empresário queira incluir ônibus híbridos e elétricos ele possa fazê-lo com valor diferenciado, de forma que a ter competitividade. Isso está garantido.
Eu concordo com a ideia de que nós estamos vivendo um momento de mudança na tecnologia veicular nas cidades, principalmente porque dispomos de energia limpa. É uma tendência boa para a cidade. E estamos atentos a essas novas tecnologias, como o ônibus a bateria, que pode ter uma produção em larga escala, com um custo adequado. Estamos testando os ônibus, mas não podemos fazer isso sem planejamento.
E o Veículo Leve Sobre Trilhos?
Sou muito simpático à ideia de implantação do VLT em São Paulo. Mas, acho que estamos numa etapa anterior ao VLT, que é a de preservar o viário para o transporte público. Estamos organizando a cidade segundo o Plano Diretor e implantando os corredores que no futuro terão condições de abrigar os trilhos em suas faixas.
No momento, a cidade tem urgência de que o transporte coletivo seja mais eficiente, e daí nossa opção pelo ônibus. Vamos construir 600 km de corredores para garantir essa malha de transporte sobre pneus. Essa é a parte mais difícil, porque exige desapropriações, remoção de interferências...e depois a cidade pode começar a mudar o modal.
Onde hoje se vê um corredor de ônibus você pode antever o transporte sobre trilhos no futuro. Em São Paulo temos um problema, que é o fato de que os corredores e mesmo as faixas exclusivas não estão consolidadas. A cidade ainda está dando os primeiros passos em uma política de governo para que se torne uma política de estado.
Leia mais nos próximos dias:
Jilmar Tatto fala sobre ciclovias, bicicletas públicas, calçadas e transporte de cargas.
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