Engenheiro explica troca de BRT por VLT em Cuiabá

Em depoimento a CPI da Copa de Mato Grosso, Rafael Detoni, ex-assessor da Secopa, esclarece como foi a opção pelo sistema sobre trilhos

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Fonte: Mobilize / ALMT  |  Autor: Marianna Marimon  |  Postado em: 13 de novembro de 2015

Rafael Detoni

Rafael Detoni: decisão foi política

créditos: Karen Malagoli/ALMT

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa de Mato Grosso ouviu na quarta-feira (11) o engenheiro Rafael Detoni, ex-assessor especial da Secopa, sobre a mudança do sistema de transporte adotado em Cuiabá. Na pauta, a opção do governo estadual pelo veículo leve sobre trilhos, em 2008, como sistema de mobilidade da cidade para a Copa de 2014. As obras não foram completadas a tempo e posteriormente foram paralisadas por uma série de questionamentos dos órgãos fiscalizadores.

 

Responsável pelo plano de mobilidade urbana da capital matogrossensse para a Copa do Mundo, em seu depoimento Detoni garantiu que tanto o sistema BRT como o VLT têm capacidade para atender às necessidades do transporte público. “Na época, fui convidado pelo diretor de Infraestrutura da Agecopa, Yenês Magalhães, para elaborar o plano operacional, e fui cedido ao governo sem ônus para o municípios, pois atuava na Secretaria Municipal de Transporte Urbano". 

 

Rafael Detoni explicou que a proposta para a estruturação do transporte urbano em Cuiabá teve início em 1995, quando Magalhães era secretário e promoveu o primeiro estudo de rede integrada para a cidade, com a empresa Oficina Engenheiros Associados, de São Paulo. A proposta indicava um corredor estrutural de ônibus, ainda sem as características de um BRT. 

 

Em 2005 foi elaborada a primeira matriz origem/destino da rede integrada Várzea Grande-Cuiabá e, em 2008, com a candidatura de Cuiabá para a Copa do Mundo, os dados dos projetos de mobilidade urbana incluídos na defesa da cidade como sede de jogos da Copa. Após a escolha oficial da cidade pela Fifa a equipe teve que desenvolver um estudo mais elaborado, que tomou como base o Plano Diretor de Cuiabá, de 1995/96. O documento previa corredores para o transporte coletivo e definia a configuração da rede do transporte público.

 

Decisão política
Rafael Detoni confirmou que a decisão de trocar o BRT pelo VLT teve caráter político: "Assinei, em conjunto com o governador Silval Barbosa e com o ex-secretário da Copa em Mato Grosso, Eder Moraes, o parecer técnico sobre o VLT, que atendia às necessidades da mobilidade urbana na região. Como engenheiro de transportes não posso negar nenhuma via; o VLT possuía a mesma faixa de capacidade de transporte e ambos os sistemas (BRT e VLT) atendiam às necessidades dos municípios, em torno de de oito mil passageiros/hora por sentido". O ex-assessor insistiu que os dois modelos operacionais eram compatíveis, "desde que implantados corretamente, o que não faz sentido é ficar como está”. 



Composições aguardam no pátio a conclusão das obras Foto: Mayke Toscano/ Secom-MT

 

Detoni também defendeu a viabilidade de execução da obra, mesmo no prazo exíguo de 24 meses, para ficar pronto antes da Copa. "Era um desafio muito grande pela magnitude do empreendimento, mas não era impossível e por isso demos prioridade às obras de arte, antes do período chuvoso”.

 

O engenheiro assegurou que enquanto técnico de transportes não possuía competência para avaliar o aspecto do investimento, mas informou que o custo operacional do VLT de Cuiabá seria de R$ 70 milhões/ano, compatível com a tarifa prevista de R$ 3,30.
 

Em outra entrevista, concedida em novembro de 2012 (leia mais), Rafael Detoni descartava qualquer possibilidade de não entregar o VLT até a Copa de 2014.


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