Nesta semana, três famosos chefs de cozinha desceram as escadarias do metrô de Paris para ensinar dicas de culinária aos viajantes. A atração é organizada pela administradora do serviço, a RATP, que costuma promover diversos eventos de entretenimento ao longo do ano nas estações da capital francesa.
Uma verdadeira cozinha foi instalada entre as linhas 9 e 13, na estação Miromesnil, no 8º distrito da capital. O evento dura três dias e inclui jogos de degustação: dezenas de passageiros são sorteados para adivinhar os ingredientes dos pratos, e os vencedores ganham brindes.
O chef Patrick Bertron, três estrelas no disputado guia Michelin, veio mostrar como escolher e preparar o famoso foie gras, iguaria essencial da gastronomia francesa. “Para mim, é importante estar aqui no metrô para mostrar que a cozinha pode ser boa em qualquer lugar, tanto em um grande restaurante quanto, principalmente, em casa”, afirma. “É a escolha dos produtos e maneira como eles serão tratados e combinados que fazem a boa culinária”, concluiu. Este é o sexto ano que Bertron participa do evento, que se repete pela sétima vez. Ele percebe que alguns usuários já até se tornaram habitués do encontro anual.
![Chef Patrick Bertron (e.), 3 estrelas no guia gastronômico Michelin, participa de evento no metrô de Paris.](http://www.brasil.rfi.fr/sites/brasil.filesrfi/imagecache/rfi_43_large/sites/images.rfi.fr/files/aef_image/IMG_8358_0.JPG)
Chef Patrick Bertron (e.) participa este ano do evento no metrô. Foto: RFI
Outros vieram para conhecer de perto a chef pâtissier Nina Métayer, que participou recentemente de um conhecido programa de culinária na televisão. Em meio à correria do metrô, ela prepara madeleines e choux, doces tradicionais que remetem à infância de todo o francês.
O evento também abre as portas para o mundo. O chef Andreas Mavrommatis traz os sabores do Chipre e da Grécia, muito além dos kebabs, tão comuns em Paris. Ele garante que qualquer um pode aprender a cozinhar.
Cheiros agradáveis
Sempre apressados, nesta terça-feira (3) os passageiros encontraram tempo para espiar o que estava acontecendo na estação, entre uma conexão de metrô e outra. O cheiro de comida ajudou a abrir o apetite da estudante Marion, em plena hora do almoço. “É bem legal sentir os cheiros da cozinha nos corredores do metrô, em vez dos odores habituais”, brinca.
A aposentada Madeleine conhece bem a alta gastronomia francesa – ela já esteve em dezenas de restaurantes “estrelados” do país. Mesmo assim, fez questão de pegar o metrô para conversar de perto com o chef Bertron. “É surpreendente, porque é um lugar onde a gente não imaginaria que seria possível cozinhar. Mas por que não?”, diz a parisiense. “É um local onde todo mundo passa e aqueles que não tem a sorte de conhecer a gastronomia podem vir degustar e conhecer.”
Melhora o ambiente
Em um ambiente que costuma ser marcado por passageiros impacientes para chegar ao destino, as animações promovidas nas estações visam quebrar o estresse do dia a dia. Michel Garret, diretor da área de eventos da RATP, afirma que ocasiões como o “Chefs descem no metrô” contribuem para melhorar o clima entre a prestadora de serviços e os usuários.
“A ideia é encantar um pouco o cotidiano das pessoas, promover uma ruptura na viagem. É um gesto de consideração com os passageiros, que vai além do serviço principal, que é oferecer um bom transporte”, explica Garret. “A experiência da viagem é ter um metrô que funciona, é seguro, limpo, mas que também oferece espaços agradáveis, que vão além da mobilidade.”
A estudante Magali confirma: ficou com uma melhor impressão do serviço depois de participar da brincadeira nesta terça-feira. “É bem diferente dos dias comuns, com a multidão no horário de pico do metrô. Agora estão todos aqui, em um momento convivial, em volta da cozinha. Muda a nossa visão do metrô”, comenta.
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