Joinville, em Santa Catarina, vai ser um dos primeiros municípios brasileiros a contar com um Plano de Caminhabilidade. A proposta, que, integra o plano de mobilidade da cidade, é melhorar toda a infraestrutura de apoio ao pedestre, incluindo calçadas, sinalização, paisagismo e iluminação, de forma a estimular os moradores a usarem mais os pés e menos os seus veículos motorizados.
No mesmo período, os moradores começarão também a discutir o Plano Cicloviário, que tem a meta de implantar cerca de 600 km de pistas para bicicletas, cifra ambiciosa em uma cidade com menos de 1.800 km de vias.
Explica-se: Joinville ostenta uma taxa de motorização de quase um veículo por habitante e, como resultado, mais de 34,55% das viagens diárias são feitas de carro ou moto, ao passo que apenas 23% desses deslocamentos são feitos a pé. Bicicletas quase sumiram de Joinville nos anos 1990, mas agora vão bem na cidade, mesmo com o clima muito chuvoso: elas fazem 11% dos deslocamentos diários, taxa bem acima da média brasileira.
As primeiras discussões públicas sobre ciclovias começam no dia 3 de novembro, enquanto os debates sobre caminhabilidade se iniciam nos dias 5 e 6 de novembro, tudo sob orientação de profissionais do Ippuj, a Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville, mesma instituição que coordenou o Planmob.
As informações foram comentadas pelo diretor-presidente do Ippuj, o arquiteto Vladimir Constante, durante o Conemb 2015, megaevento organizado por estudantes de Engenharias da Mobilidade da UFSC.
Na conversa - que em breve será publicada na forma de entrevista - Constante lembrou que a cidade já havia iniciado - por volta de 2005 - um ação para melhorar as calçadas da cidade, com resultados modestos. Em 2010, porém, a gestão resolveu por em prática uma legislação anterior que estabelecia a redução do imposto predial para os proprietários de imóveis cujas calçadas recebessem a "certificação" de qualidade da prefeitura. O estímulo monetário funcionou, e mais de 12 mil de obras de adequação dos passeios foram realizadas, com ganhos para toda a comunidade. Agora, com o Plano de Caminhabilidade, espera-se a multiplicação do milagre, caso raro em solo brasileiro.
Também não é comum reunir mais de mil estudantes de engenharia de todo o Brasil e cerca de 80 palestrantes em debates, aulas e oficinas sobre mobilidade durante uma semana. Havia de tudo, de trens a navios de carga, de foguetes a triciclos, de games a carros de corrida, mas a principal novidade nesta segunda edição do Conemb foi a abordagem de sustentabilidade adotada pelo congresso. E por isso estamos aqui.
Na próxima semana, dia 5 de novembro, também estaremos com professores e estudantes de engenharia, desta vez em Itabira, Minas Gerais, para a 1ª Semana de Engenharia da Mobilidade da Unifei.
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil