O portal Archdaily traduziu e publicou um interessante trabalho realizado pelo especialista em mobilidade urbana, Mikael Colville-Andersen, um dos fundadores do movimento Copenhagenize.
Em fotos e gráficos de três cidades do mundo, Colville-Andersen mostra o desequilíbrio da distribuição dos espaços públicos em relação aos pedestres, ciclistas e automóveis. O urbanista avalia que as ruas do mundo ainda são dominadas pela engenharia de trânsito do século passado, que prioriza a circulação dos veículos motorizados.
Para exemplificar seu posicionamento, Mikael analisou a quantidade de espaço que possui cada um desses grupos, além do espaço “morto” e dos edifícios, em algumas ruas de Calgary, Paris e Tóquio por meio da comparação de cada setor com diferentes cores.
Confira as imagens:
Ao ver do alto o cruzamento entre as ruas Quai Branly e Pont d’Iéna, em Paris, é possível ver o espaço destinado aos pedestres, ciclistas e condutores de automóveis. Ele está classificado por cores, utilizando o vermelho para os automóveis, azul para os pedestres, amarelo para os edifícios e roxo para os ciclistas.
Observa-se que os automobilistas são aqueles que possuem mais metros quadrados do espaço público. Além disso, na cor cinza está demarcado o espaço “morto”, que poderia facilmente ser destinado aos ciclistas e pedestres. Utilizando a imagem do mesmo cruzamento como exemplo, o urbanista fez uma rápida contagem dos cidadãos que estão em cada setor do espaço público, classificado segundo seu uso.
Embora esclareça que este não é um levantamento exato, porque a fotografia não foi feita em um horário representativo do movimento que existe nesse cruzamento, Mikael assegura que esta ferramenta permite ter uma ideia que o uso do espaço não está de acordo com sua demanda. Isso porque os pedestres que estão esperando no cruzamento, representados em azul escuro (e descartando aqueles que estão nas calçadas), superam em quantidade os condutores de automóvel (representados em laranja).
Já em Calgary, o pesquisador assegura que, embora a imagem tenha sido feita especificamente em um estacionamento de automóveis, o ideal seria ver os cidadãos em movimento, algo que acontece nas cidades que são, em certa medida, caminháveis.
No cruzamento mais movimentado do mundo, em Shibuya, Tóquio, convivem pedestres e ciclistas. A presença destes se explica pela existência de vários bicicletários nos arredores da estação de ônibus e trens de Shibuya.
Diferentemente do que se observa nas imagens anteriores, na capital japonesa nota-se uma distribuição do espaço um pouco mais equitativa e que ao apresentar faixas de pedestres na diagonal, lhes confere maior visibilidade em relação aos automóveis que chegam até ali vindos de diferentes direções.
*Cita:Constanza Martínez Gaete. “A arrogância do espaço”: A distribuição desigual do espaço público em relação aos pedestres, ciclistas e automóveis" 24 Out 2014. ArchDaily Brasil. Acessado em 23 Out. 2015.
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