Passados cerca de dois meses desde a instalação, as cinco faixas de pedestre elevadas ainda têm provocado algumas queixas dos motoristas em Jaraguá do Sul. Devido à altura delas – entre 15 e 25 centímetros – alguns carros ainda têm batido na pista ao atravessar a faixa, mas segundo o diretor de trânsito, José Schmitt, isso ocorre por excesso de velocidade. “Se obedecerem aos limites, somente carros rebaixados, que não podem mais serem legalizados, correm risco de bater”, afirma.
Os elevados foram instalados em cinco vias do município – na rua 25 de Julho, em frente ao posto de saúde; na rua Roberto Ziemann, em frente à escola municipal Max Schubert; na Epitácio Pessoa, próximo à sede dos Bombeiros Voluntários; próximo à igreja na rua Domingos Anacleto, no bairro Santo Antônio; e na rua Pastor Albert Schneider, em frente ao Centro de Educação Infantil Wolfgang Weege. Segundo Schmitt, os locais foram escolhidos com base no fluxo de pedestres. “As faixas estão em caráter experimental e, se a resposta for favorável, vamos instalar em frente a outras escolas e postos de saúde”, afirma.
Para a comerciante Ana Lúcia Triacca, 27 anos, a passagem elevada trouxe mais segurança. Funcionária de um mercado em frente à faixa na rua 25 de julho (das faixas medidas pela redação de O Correio do Povo, a mais elevada, com cerca de 25 cm de altura), Ana Lúcia diz que talvez a faixa seja alta demais, mas acredita que se fosse mais baixa, os motoristas a ignorariam. “Antes eles passavam aqui muito rápido, e quase não tinha como atravessar”, comenta.
O caminhoneiro Bianco Bordim, 22 anos, também aprovou a novidade, mas tem ressalvas quanto à localização. “Onde tem escola perto tem que colocar mesmo, mas ali na frente dos bombeiros é um desperdício, já tem um semáforo junto à faixa”, critica. Segundo o jovem, talvez fosse melhor a instalação de lombadas eletrônicas e radares. “Precisa colocar algo para reduzir a velocidade, e na frente das escolas assim é ótimo, mas em outros locais tem que ver se o dano às suspensões compensa”, defende, ressaltando a questão dos bombeiros. “Em uma emergência eles têm que ir rápido, e com o elevado na frente, não tem como não estourar a suspensão”, comenta.
Pedestres devem ter a preferência, diz Panstein
“Nosso objetivo principal é a segurança dos pedestres e ciclistas, que têm que ter a preferência sempre”, explica o secretário de Planejamento Urbano e presidente do Conselho Municipal da Cidade (Comcidade), Aristides Panstein. De acordo com ele, o conselho determinou a instalação das faixas elevadas devido ao descaso com as faixas de pedestre. “Até onde tem semáforo com botoeira os motoristas ignoravam, por isso colocamos o obstáculo para forçar a redução de velocidade”.
Panstein e o diretor de Trânsito, José Schmitt, ressaltam que as faixas precisam ter a mesma altura que o meio fio das calçadas, para que os pedestres não precisem mudar de nível. “Assim, a passagem de cadeirantes e carrinhos de bebê é favorecida, pois eles não precisam lidar com desnível”, observa Schmitt. Panstein complementa que por serem faixas elevadas, a legislação é diferente de uma lombada física. “As pessoas têm que entender que não é uma lombada, que tem que ser mais baixa, é faixa de pedestres elevada, e tem que ser mais alta”, afirma.
Nesta quarta-feira, o Comcidade deve se reunir para discutir a situação das faixas. O órgão se reúne na primeira quarta-feira útil de cada mês, na sala de reuniões da Prefeitura, a partir das 8h. A reunião é aberta à comunidade. Composto por 24 entidades, o conselho se encarrega de julgar as propostas de planejamento urbano cuja legislação a respeito seja ambígua. Segundo Panstein, dois pontos precisam de revisão: a faixa em frente ao quartel dos Bombeiros, e a da rua 25 de Julho. “Os bombeiros pediram que a faixa fosse em outro lugar, pois ali atrapalha os seus serviços, enquanto na 25 de Julho temos que refazer pois ficou muito alta”, afirma. A rua 25 de Julho deve ser recapeada em breve, e junto com a nova camada de asfalto, deve ser refeita a faixa elevada.