A população de Madri aproveitou esta terça-feira (22), Dia Mundial sem Carro, para passear pela Gran Vía, principal avenida da capital espanhola, que ficou livre dos veículos durante quatro horas. Mas isso não basta para os espanhóis.
Dentro de algumas semanas, entre outubro até o início de dezembro, a cidade inteira verá desaparecer metade dos carros que circulam por suas ruas. Também não haverá mais a possibilidade de estacionar no meio-fio. É que será ativado a partir de então o plano de choque municipal contra a poluição, que prevê medidas de rigor inédito contra a má qualidade do ar. Se já estivesse em vigor nos últimos cinco anos, a determinação teria retirado metade dos carros das ruas em até seis ocasiões no ano, durante vários dias consecutivos.
Por poluição, no caso de Madri, entenda-se o dióxido de nitrogênio (NO2), único componente que na cidade supera o nível legal fixado pela União Europeia em 2010, e que vem dos veículos a diesel. Para cumprir a medida, há uma rede de 24 estações espalhadas por toda a capital; a região mais crítica é na M-30, rodovia que circula a cidade, onde existem 10 desses medidores.
Bastará que duas estações da região central (ou qualquer uma das outras quatro espalhadas pelo resto da cidade) superem por duas horas consecutivas os 180 microgramas por metro cúbico para ativar o pré-aviso. Com 200 microgramas, o aviso é ativado. Os madrilenhos avançam em rigor quanto ao alerta fixado pela UE, considerado por eles alto demais (400 microgramas, três horas), e nunca atingido na cidade.
Lançado protocolo de combate à poluição
Mas o novo nível de pré-aviso e de aviso foi atingido em numerosas ocasiões em Madri, o que torna possível prever que, uma vez aprovado o protocolo, as medidas previstas para combater a poluição não tardarão em ser ativadas.
O primeiro dia de pré-aviso limitará a velocidade na M-30 e nas vias de acesso a 70 km por hora (cenário 1). O segundo dia consecutivo de pré-aviso ou o primeiro de aviso também proibirá o estacionamento nas áreas reguladas com parquímetros aos carros que não sejam do bairro (cenário 2). O segundo dia consecutivo de aviso, além de tudo o que já foi citado, proibirá a circulação de metade dos veículos pela região central (de acordo com a placa, par ou ímpar) e táxis vazios (cenário 3). No caso de alerta, a proibição será ampliada à M-30.
A prefeita de Madri, Manuela Carmena, nesta terça. Foto: Samuel Sánchez
Se esse protocolo já estivesse em vigor, na sexta-feira (18), por exemplo, teria limitado a velocidade nessas vias a 70 km por hora. No dia 9 de maio teria proibido o estacionamento na região dos parquímetros. Mas a pior restrição teria sido nas festas de fim de ano: de 31 de dezembro a 5 de janeiro, os dois dias incluídos, teria sido ativado o cenário 3. Em 7 de janeiro, teria passado ao cenário 2. Em nos dias 9 e 10, novamente ao cenário 3.
Em anos anteriores teria sido até mesmo pior: em 2014 o cenário 2 teria ocorrido em sete ocasiões; e a circulação seria proibida em três dias consecutivos. Em 2011 uma semana inteira de proibições teria ocorrido em outubro. As piores datas são normalmente setembro/outubro e dezembro/janeiro (por questões meteorológicas). De modo que é provável que Madri não irá demorar em esvaziar-se novamente de carros.
Mais transporte público
Para evitar congestionamentos, a Prefeitura, dessa vez comandada pela prefeita Manuela Carmena (que forma parte da plataforma cidadã Ahora Madri) promete que a capacidade do transporte público será aumentada e será gratuito, mas para isso Carmena precisará da aprovação do governo regional (Comunidade de Madri, ainda controlada pelo Partido Popular).
Mulher fotografa a Gran Vía a partir da Plaza de Callao, em Madri. Foto: Claudio Álvarez
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