Você já reparou nas condições das calçadas da sua rua, do seu bairro ou perto do seu trabalho? Já percebeu como são esburacadas, desniveladas e sem rampas de acesso para quem tem baixa mobilidade? Isso quando existem, não é mesmo? O tema da acessibilidade nas cidades do Brasil ainda é pouco discutido no país.
Para atender a esse desafio, no final de semana, a equipe do aplicativo Biomob realizou algumas atividades de reconhecimento no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, local de disputas olímpicas no próximo ano e também onde serão realizadas provas da Paralimpíada de 2016. A ideia foi avaliar os bares, restaurantes e outros estabelecimentos, examinar também as calçadas, rampas de acessibilidade e estacionamentos da área em um raio de 3 km, além dos sistemas de transportes que atendem a região da Arena de Eventos Parque dos Patins. De acordo com Valmir Souza, um dos criadores do aplicativo, a ação vai “nutrir de informação o aplicativo Biomob e disponibilizar essas informações gratuitamente aos usuários e órgãos afins”, explicou.
Apesar do tempo nublado e frio, a equipe de voluntários saiu a campo e obteve resultados relevantes. No Parque, a equipe encontrou apenas duas vagas de estacionamento reservadas para cadeirantes, mas com marcação muito precária no solo. A área não dispõe de vagas para idosos e as opções de banheiros adaptados são quase nulas.
Além disso, existem obstáculos intransponíveis para cadeirantes em alguns trechos do entorno da Lagoa, área que é servida por poucas opções de transporte público.Como pontos positivos, a equipe do Biomob localizou o Shopping Lagoon e o supermercado Pão de Açúcar, ambos conceituados com boas notas de acessibilidade.
Para as atividades de avaliação da acessibilidade na Lagoa, a equipe do Biomob teve o apoio de colaboradores e organizações parceiras como Viva Mais Livre, Mão na Roda, Praia para Todos, integrantes da comissão de acessibilidade da OAB - RIO e o Mobilize Brasil, além do CVI/RJ
Números da deficiência motora
Dados do Censo de 2010 apontam que no Brasil são 13 milhões de pessoas com dificuldade de se locomover. Apenas no eixo Rio-SP estão 40% desse total. O maior problema da falta de acessibilidade, de acordo com Valmir, é a atitude. Para ele, “nada vai mudar enquanto as pessoas não se conscientizarem de que todos iremos envelhecer e que corremos o risco de um dia perder a mobilidade”, afirmou.
Para circular
No celular, o Biomob detecta a localização do usuário e sugere locais próximos, analisando a necessidade de cada pessoa. A ferramenta conta com informações de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre, entre outras cidades, somando mais de mil endereços cadastrados. Atualmente está disponível somente na versão para Android, mas muito em breve estará na versão IOS e também acessível na web, no site www.biomob.com.br.
Para baixar o Biomob, basta acessar a loja virtual do GooglePlay: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.biomob&hl=pt_BR
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