Projetos de grandes sistemas de transportes são complexos e envolvem uma grande multiplicidade de atores, que poderão baratear ou encarecer as obras. É o poder público, consultores, fabricantes, construtores e a população da cidade.
No caso de metrôs, a complexidade é ainda maior, pelo tamanho das intervenções e sua permanência no tempo: As estações são projetadas para durar 100 anos, o material rodante para 50 anos e a parte eletrônica para ao menos dez anos", explica o engenheiro Peter Alouche, consultor de transporte sobre trilhos.
Essas considerações explicam a enorme disparidade de custos de construção de várias linhas de metrô em cidades do mundo, segundo levantamento preparado por Alouche para a apresentação que fará durante a Semana de Tecnologia Metroferroviária, em São Paulo.
Se não, como explicar que a linha Second Avenue em Nova York tenha custado 1,5 bi de dólares por quilômetro, enquanto em Madri o custo da extensão da Linha 2 esteja em torno de US$ 70 milhões/km?
"Em Madri o metrô ficou mais barato porque havia um um grande interesse da União Europeia em melhorar a qualidade dos sistemas de transportes dos países membros. Daí, os projetos, obras e veículos foram realizados e entregues em condições especialíssimas, com financiamentos quase a fundo perdido. Já em Nova York, a linha precisou cruzar uma área repleta de edificações, com um subsolo difícil, e escavações de grande profundidade", pondera Peter Alouche.
Ele lembra que, grosso modo, os custos da construção civil significam 45% dos orçamentos, enquanto o material rodante corresponde a cerca de 30%. Desapropriações (10%), equipamentos e sistemas (8%), reurbanização (4%) e projeto de engenharia (3%) completam essa planilha média de custos, "que é teórica", reitera Alouche. "Teórica, porque é muito difícil comparar o metrô de Lyon (França), que leva 40 mil passageiros por dia, com o metrô de São Paulo, que já chegou a transportar mais de 4 milhões de pessoas em um dia", completa o engenheiro.
Custos de linhas, estações e veículos de metrôs (em média)
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Linha subterrânea (incluído o material rodante)
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US$ 200 a US$ 300 milhões /km
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Linha mista (subt./elevada), com MR
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US$ 150 a US$ 250 milhões /km
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Linha em superfície, com MR
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US$ 100 a US$ 150 milhões /km
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Linha de metrô leve, com MR
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60% de um metrô pesado
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Estação subterrânea
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US$ 30 a US$ 50 milhões
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Veículo (vagão) de um trem de metrô
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US$ 2 milhões
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Fonte: Peter Alouche
Serviço:
O trabalho "Qual é o custo dos metrôs?" vai ser apresentado integralmente no dia 11 de setembro, às 9h, durante a 21ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, no Centro de Convenções Frei Caneca, São Paulo.