Estudo feito pela administração de Águas Claras mostra que a região precisa de 23.690 m² de calçadas em áreas públicas. O levantamento vai servir de base para uma licitação, ainda sem data prevista para ser aberta. A falta de calçadas em várias ruas é uma das principais queixas dos moradores da região. De acordo com a administração, parte dos recursos que vão custear as futuras obras – R$ 850 mil – será obtida por meio de emenda parlamentar federal. O restante necessário será desembolsado pelo governo. A administração, porém, não informou o quanto mais será preciso para que todas as ruas tenham calçada.
Para amenizar o problema na região, a Agefis vai iniciar no próximo mês uma ação para notificar donos de condomínios e de lotes vazios a pavimentarem as calçadas dentro de suas áreas, disse o responsável pela coordenadoria executiva da administração regional, Rafael Conte. "Não sabemos ainda quanto é a área particular [sem calçada], mas é muito maior do que a área pública." “Eles [equipes da Agefis] vão passar 30 dias em Águas Claras e vão primeiramente nas ruas Sul e Norte, de condomínio em condomínio ou lote vazio. Vão notificar o proprietário a construir as calçadas e, se estiver com a calçada inadequada, notifica o condomínio a adequar de acordo com a acessibilidade”, disse Conte. Ele disse que, depois, a administração vai iniciar uma etapa para reformar calçadas públicas malconservadas.
Problemas
Pedestres relatam dificuldades para se deslocar pelas ruas de Águas Claras. Não há calçadas em muitas áreas. Quando há, é comum elas não terem continuidade, irem de encontro com a grama ou a terra e até com galerias de águas pluviais. Na Avenida Parque Águas Claras, em frente ao Condomínio Mansões do Parque, há 300 metros de calçada. Depois, há 400 metros de gramado até que o pedestre volte à calçada. “A gente anda e tem muita dificuldade com calçadas irregulares. São vários problemas. Tem que ter um investimento maior, uma visão maior para melhorias”, disse o morador Reinaldo Pereira. “Muita gente cai andando. Acaba a calçada, a pessoa não está enxergando direito de noite e acaba caindo”, diz a companheira dele, Daniele de Oliveira.
Perigo
O professor de inglês Rafael Leite seguia pelo gramado quando se deparou com uma galeria de águas pluviais onde deveria existir uma calçada. Ele precisou seguir pela pista, ao lado dos carros. Em um cruzamento perto da estação Concessionárias, do Metrô, se arriscou novamente para atravessar a rua, já que não há faixa de pedestres no local (veja vídeo).
”A calçada acabou ali. Aqui em Águas Claras é muito comum você estar andando e a calçada acabar. Ou você atravessa para o outro lado ou suja seu tênis”, diz. “Moro aqui em cima, então quando vou sair nessa área prefiro andar do que pegar o carro. É perigoso às vezes, principalmente no horário de pico, porque tem muitos carros em Águas Claras.” Do outro lado do mesmo cruzamento, a calçada termina em uma curva e a grama por onde os pedestres poderiam seguir leva a um barranco, onde há apenas um grande terreno vazio. Novamente o pedestre é obrigado a seguir pela rua, ao lado dos carros.
Metrôs
A situação perto das três estações de metrô da região administrativa (Arniqueiras, Águas Claras e Concessionárias) não é diferente: muitas calçadas terminam na rua. Os pedestres são obrigados a disputar espaço com veículos ou passar sobre faixas de grama. O comerciário Divino Pimenta diz que preferiu passar pela rua a se arriscar no pequeno trecho de grama entre o barranco e o estacionamento em Arniqueiras. “[A gente] Tem que adaptar a nossa caminhada aqui pela falta de um passeio. Aqui é um estacionamento de carro [...] e a gente acaba ficando sem a calçada para caminhada”, diz. “Há um penhasco ali, então é perigoso. Até [há o risco de ocorrer] algum desequilíbrio ou alguém passar e esbarrar em alguém e cair ali. Por isso acho mais seguro pela rua.”
Conte, da administração regional, diz que nos lugares em que há declives e não há espaço para a construção de calçadas, a acessibilidade de pedestres será priorizada e é possível que os bolsões de estacionamento sejam reduzidos. “Se [as vagas] estão em 90 graus, vamos colocá-las paralelas [à calçada]”, afirma.
Viadutos
A situação perto dos viadutos dos metrôs também é ruim para os pedestres. Embora haja uma grande barreira nas laterais das passagens, as curvas ficam desprotegidas para os pedestres. As calçadas também são estreitas e não há faixa de pedestre na pista, que é de grande movimentação. A dona de casa Rosana Moreira diz que não se arrisca a passar pelo local com o bebê no colo. “Não teria coragem porque estaria arriscando a minha vida e a vida da minha mãe também. Corro o risco de um carro poder me atropelar ali, um carro desgovernado de repente [...] me atropela, acontece algum acidente comigo ou com qualquer outra pessoa”, diz. “Tem que alargar ali, fazer um meio de alargar e fazer calçada melhor”, diz a mãe dela, Vera Lucia Moreira.
Tapumes
Os moradores também reclamam que tapumes de prédios em construção invadem o espaço destinado a pedestres e ao estacionamento de carros. Segundo Conte, os responsáveis pela construção do lote podem ocupar a totalidade da área a ser construída e têm direito a cinco metros para área de segurança. A área pública que for ocupada deve ser alugada. “Geralmente, se essa área que pega na frente é licenciada, tem que deixar [espaço] para acessibilidade. Se ele foi lá e 'engoliu' a calçada para dentro do canteiro, tem que deixar um ou dois metros de calçada, área com meio fio e com cercas.”
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