Na semana passada publicamos uma nota sobre o plano da prefeitura paulistana de iniciar a redução gradativa da velocidade do tráfego em alguns corredores de grande movimento, como as avenidas Marginais Tietê e Pinheiros. A ideia é "acalmar" o trânsito da cidade para evitar os milhares de acidentes que ocorrem todos os anos. O tema gerou grande discussão nas redes sociais, com argumentos pró e contra a proposta
Por exemplo, o especialista em engenharia de transportes Horácio Figueira defende as reduções. “O fluxo máximo não corresponde à velocidade máxima. Isso não é teoria. É teoria e prática comprovada”, afirma. Figueira diz que vários estudos apontam que o fluxo é maior quando a velocidade gira em torno de 50 km/h e 60 km/h, e não 120 km/h.
Cálculos do especialista, entrevistado pelo portal G1, mostram que em um percurso de 5 km, ganha-se 58 segundos em uma velocidade de 90 km/h em relação ao novo limite, de 70 km/h. “É um ganho de tempo muito pequeno, já a redução da energia do impacto quando a velocidade cai de 90 km/h para 70% é de 40%”, diz.
ContraJá para o professor do Mackenzie de Campinas Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, especialista em mobilidade urbana, a Prefeitura não apresentou estudos consistentes para justificar a redução. Ele alega que a velocidade máxima é definida tendo em conta fatores como cruzamentos e fluxos de cada tipo de veículos, e que cálculos com base nesses fatores não foram divulgados. “Sem um fundamento técnico, a medida acaba ficando fragilizada. Acaba até podendo aumentar o número de acidentes porque as pessoas podem frear bruscamente nos pontos com radar”, disse.