Depois de se aposentar, o taxista Jacyr Corrêa, de 78 anos, evita ao máximo tirar o carro da garagem e prefere rodar São Paulo de metrô. A vida dele seria mais fácil, porém, se as obras da linha 15-Prata, o monotrilho da zona leste, tivessem avançado. E se a promessa da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de ampliar o horário de funcionamento do ramal fosse cumprida.
Em março, o secretário estadual de Transportes, Clodoaldo Pelissioni, disse que a linha funcionaria 12 horas por dia no início de abril. Junho já chegou, mas ela continua aberta só das 9h às 14h. O monotrilho hoje tem apenas 2,9 km e duas estações, Oratório e Vila Prudente.
"Eu já desisti de usar esse monotrilho. Prefiro pegar um ônibus e ir direto para a Vila Prudente e entrar logo no metrô. Agora, se tivesse mais estações, é óbvio que eu usaria o monotrilho e desceria na Vila Tolstói (prevista para a linha 15). Mas no ritmo que andam as coisas, eu vou morrer sem ver isso", disse.
Inaugurado em agosto do ano passado, a nova estimativa do Metrô é que o monotrilho passe a funcionar das 7h às 19h no fim deste mês.
O diretor de engenharia do Metrô, Walter Castro, disse que o adiamento ocorreu devido a atrasos de empresas que participam do consórcio que implanta a linha, principalmente a fabricante Bombardier, que não liberou novos trens para circulação.
Ele afirmou ainda que os atrasos na liberação dos veículos e em "ajustes nos trens, como abertura de porta e implantação de sinalização de via" já renderam multas às empresas responsáveis.
O consórcio informou que "trabalha para atender as necessidades do Metrô, mesmo considerando as limitações de infraestrutura impostas por outras empresas contratadas pelo próprio Metrô e que não são de responsabilidade da Bombardier."
Para piorar a situação na linha 15, por uma falha no projeto, a construção de parte das estações está parada. A Folha revelou que engenheiros "descobriram" galerias de um córrego que passam embaixo das futuras estações e que estão sendo remanejadas para que as obras possam continuar.
Este foi o primeiro monotrilho de alta capacidade a entrar em operação no Brasil. Os trens funcionam sem operadores e cada um possui sete vagões, com capacidade para 1.002 pessoas: 122 sentadas e 880 em pé.
Segundo Castro, atualmente cerca de mil pessoas usam o monotrilho por dia. Considerando que sua capacidade hoje é de 69 mil, a linha transporta diariamente apenas 1,4% do que poderia.
O Metrô diz que, quando estiver concluída, a linha terá 26,6 km e poderá transportar até 500 mil em um dia. A meta inicial era que a linha toda, com 17 estações, estivesse pronta no fim do ano. A nova previsão da gestão Alckmin é que três estações sejam entregues até 2016. Isso faria Jacyr Corrêa aposentar também o braço esticado para pegar um ônibus.
Veja as previsões do governo para a conclusão da expansão da rede aqui.
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