Transporte limpo, por favor

Veículos elétricos e híbridos, se possível sobre trilhos, podem fazer a diferença no ambiente das cidades brasileiras. Leia o Editorial da Newsletter de número 165

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 18 de junho de 2015

As diversas faces da mobilidade sustentável

As diversas faces da mobilidade sustentável

créditos: Andreza Engler Pinto


Em artigo enviado ao Mobilize, o jornalista Adamo Bazani afirma que as pessoas até podem não perceber, mas o bem-estar na cidade tem uma relação direta com as boas condições do transporte coletivo. Bazani, que é “busólogo”, reitera aquilo que afirmamos continuamente no Mobilize: ônibus sujos, barulhentos e poluidores prejudicam  - e muito - a qualidade ambiental das cidades. Basta circular a pé ou de bicicleta para sentir esse impacto.


Alternativas melhores são os ônibus elétricos e híbridos, já utilizados em algumas cidades brasileiras, ou ainda os VLTs,  bondes elétricos modernos, que começam a voltar às ruas do país, em Santos, Rio de Janeiro e Cuiabá. São seguros, silenciosos e têm uma trajetória sempre previsível, independente da decisão (ou falha) do condutor, graças aos trilhos. Assim, pedestres, cadeirantes e ciclistas ganham mais segurança na circulação e travessia das ruas.


Mas, alerta o pesquisador Roberto Ghidini, também o desenho urbano, incluindo a configuração das calçadas, tem um papel  básico na autonomia, habitabilidade e acessbilidade das cidades, com a redução drástica do número de atropelamentos. A pesquisa de Ghidini partiu de uma base de dados com mais de sete mil atropelamentos em Madri entre 2003 e 2006. Entre as conclusões, o estudo verificou que vias largas são mais perigosas porque estimulam maior velocidade dos veículos e exigem mais tempo para a travessia. Parece óbvio, mas são argumentos importantes para convencer autoridades e especialistas em trânsito sobre a necessidade de ampliar calçadas e estreitar as ruas para reduzir a velocidade do tráfego a algo como 40 ou 30 km por hora.


Exemplos semelhantes vêm de outros países da Europa, como a Holanda e França, trazidos por nosso colaborador Yuriê Cesar. São as zonas 30 km/h, a prioridade total às pessoas, a expansão da rede cicloviária, sistemas confiáveis de bikes públicas, além de investimentos maciços no transporte público: trens, metrô, ônibus e bondes.


Trata-se de uma reversão das prioridades, como propõe o filme Bikes vs Carros, que entra hoje (18) no circuito comercial de cinemas do Brasil. É mais um documentário sobre a inviabilidade do uso do automóvel nas cidades a longo prazo, mas neste São Paulo é uma das principais protagonistas na telona.


Aproveitando a onda fílmica, nosso diretor Ricky Ribeiro selecionou 30 documentários sobre mobilidade urbana para os aficcionados em cinema e nos temas que envolvem o ir e vir cotidiano nas cidades. São médias e longas-metragens, com mais de 70 minutos de duração, que abordam os problemas de mobilidade em dez países: Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, EUA, Holanda, Índia, Inglaterra, México e Suécia. Vale conferir!


Além da telona, neste final de semana São Paulo oferece dois eventos urbanos que projetam possíveis novos usos para as ruas da cidade: a Virada Cultural e a tomada da avenida Paulista por pedestres e ciclistas, uma espécie de pré-inauguração da mais esperada ciclovia paulistana. Pode ser que seja apenas um tipo de "circo" para distrair o povaréu, mas, na dúvida, vamos para as ruas, e com as crianças, como sugere Irene Quintáns em seu blog Passos e Espaços. Bom final de semana a todos!



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