Arquiteto, urbanista e, principalmente, o criador do sistema BRT (Bus Rapid Transit), Jaime Lerner foi enfático ao afirmar que o BRT pernambucano, o Via Livre, não pode ser considerado um sistema de BRT devido às lacunas deixadas no projeto. “Um sistema que tem intervalos superiores a 10 minutos e anda em tráfego misto não é um BRT”, disse. Lerner participou do Fórum de Mobilidade Volvo, realizado esta semana na capital paranaense dentro do evento SmartCity Business America.
Lerner foi quem projetou o BRT pernambucano. Em 2009, ele foi contratado pelo Urbana-PE, o Sindicato dos Empresários de Ônibus, para projetar os corredores Norte-Sul, com seus dois eixos (Cruz Cabugá e Agamenon Magalhães), e Leste-Oeste. Mas como o próprio urbanista afirmou, ele não acompanhou a execução do BRT. “Não sei o que foi feito, os detalhes, mas com essas características de longos intervalos, sem canaleta exclusiva, circulando em tráfego misto, posso garantir que isso não é um BRT”, disse.
Durante palestra sobre o futuro da mobilidade, o urbanista ainda criticou o fato de os sistemas de BRT estarem muito caros. “Os projetos de BRT estão absurdamente caros. E quando se vem a Curitiba se vê como é simples. Percebe-se que falta visão, se gasta muito com desapropriações e há superdimensionamento dos sistemas. E sistemas de transporte não são feitos de um ou dois corredores, precisam de redes. Isso vale para o BRT”, afirmou.
Lerner foi além. Criticou a opção pelas faixas exclusivas, a insistência pelo metrô devido ao custo e a demora de implantação e a demagogia dos gestores públicos para executar projetos que priorizem o transporte público. “Faixa pintada não é prioridade ao transporte público. É o começo, mas não o fim. O mais importante é a rede de transporte, não o corredor. E mesmo assim, no Brasil se leva muito tempo para fazer uma faixa pintada. Parece que não se quer fazer”.
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