O programa Bike Control, da escola de ensino médio Liceu Antonio Meucci, na cidade de Aprilla, a 30 km de Roma, foi criado por um estudante. Funciona com base num dispositivo que, fixado à bicicleta dos alunos, registra a data, o horário e a distância do percurso realizado. Além disso, um sistema exclusivo feito em parceira com a Universidade La Sapienza, em Roma, calcula a quantidade de gás carbônico que deixa de ser emitido à atmosfera quando se troca o automóvel pela bicicleta.
A ideia surgiu há mais de um ano, quando Lorenzo Catalli, então aluno do último ano da escola e hoje estudante de engenharia, ia de carro para a escola, acompanhado pelo pai. "Parados no trânsito, nos perguntamos quanta poluição deixaríamos de produzir se a maioria dos alunos fossem à escola de bicicleta, e não de carro", diz ele à BBC Brasil. "Depois de realizar o projeto de sensores com meu pai, apresentei-o a um dos meus professores e logo tivemos o apoio da direção da escola para implementá-lo."
Uso frequente
Para ganhar pontos, os estudantes devem usar a bicicleta no mínimo 3 ou 4 vezes por semana. "Poder quantificar a própria contribuição ao meio ambiente é gratificante, mas o importante não é o número de quilômetros percorridos, mas o uso frequente da bicicleta", disse Catalli. Pelo sistema de avaliação das escolas italianas, além das notas conseguidas em provas escritas e orais, os estudantes de ensino médio contam com o "crédito de formação", uma pontuação obtida com a prática de atividades extracurriculares e que integra a média final necessária para superar o Exame de Estado, indispensável para o cursar o ensino superior.
O diretor da escola, Antonio Perrone, diz à BBC Brasil que o principal objetivo do programa é conscientizar os estudantes sobre a relevância ecológica de se usar a bicicleta em vez do carro. E oferecer uma recompensa pode ajudar. "Para os estudantes, é importante, porque ganham pontos que valem para passar no exame", afirma Perrone. "Os estudantes já contam com uma variedade de atividades que podem ser realizadas para formar o crédito de formação, como trabalhos voluntários, atividades artísticas, estudo de línguas. Pela primeira vez, o uso da bicicleta, por seu valor ecológico, passou a ser uma delas."
Bolsas de estudo
Os dados relativos ao percurso dos ciclistas são inseridos em um computador e divulgados mensalmente através de um site com a classificação dos estudantes que participam do programa. Em abril de 2005, o aluno com mais pontos havia pedalado por mais de sete horas em um mês, totalizando quase 120 km.
A iniciativa ganhou o apoio da prefeitura, que financia a produção e instalação dos dispositivos nas bicicletas e pretende estender o projeto a outras instituições públicas e privadas. "A partir do próximo ano, premiaremos os três estudantes que mais acumularem pontos com bolsas de estudos no valor de 300, 200 e 100 euros”, diz o diretor.
"Estamos formando um grupo de estudantes voluntários que fará a inserção dos dados em outras escolas", afirma à BBC Brasil a secretária do Meio Ambiente, Alessandra Lombardi. "Além disso, estamos estudando com alguns supermercados da cidade mecanismos de incentivo tanto para os clientes quanto para os funcionários, que poderão acumular pontos e obter descontos em compras com base no uso de bicicletas."
Diversas lojas e serviços de manutenção de bikes da cidade já aderiram à iniciativa, passando a oferecer prêmios, como pneus, câmeras, manoplas, aos alunos que participam do programa. Durante o primeiro ano do projeto, mais de uma tonelada de gás carbônico deixou de ser emitida à atmosfera graças ao projeto do Liceu Antonio Meucci. "Somos a única cidade da Itália realizando este tipo de medição e queremos levar nossa experiência a outros municípios", afirma Lombardi.
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