Pedestres atropelados

Leia o Editorial da Newsletter semanal de número 161 do Mobilize Brasil

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 21 de maio de 2015


Experimente pesquisar o assunto na internet. A cada semana, são dezenas de notícias sobre acidentes envolvendo pedestres em todas as regiões do Brasil, a maioria resultando em mortes ou lesões permanentes


Em 2014 quase oito mil pedestres foram mortos em atropelamentos no Brasil. Os dados são do Dpvat, e resultam em uma média de 43 mortes de pedestres por dia. Outros quase 116 mil sobreviveram, mas ficaram com lesões permanentes, de acordo com o relatório do seguro.


Para além das estatísticas, são vidas perdidas, como a do arquiteto Joaquim Guedes, atropelado e morto em 2008, quando era presidente do IAB/SP. Ou da avó de 70 anos, atingida por uma motocicleta na cidade de Coxim-MS, na última segunda-feira. Ou ainda, a adolescente, filha de um amigo, morta por uma motocicleta quando terminava de cruzar a faixa de pedestres, em São Paulo. Notícias semelhantes repetem-se em Blumenau (SC), São Carlos (SP), Goiânia (GO), São Bernardo (SP), Juiz de Fora (MG) etc. Tudo em uma semana apenas.


Não por acaso, nesta semana publicamos o precioso artigo de Meli Malatesta, que aborda o assunto sob uma ótica paulistana, mas nem por isso desfocada do que vemos em outras cidades.


O artigo comenta o relatório da CET - Companhia de Engenharia de Tráfego (2014), divulgado no início do mês, do qual a imprensa pinçou apenas um dado (sobre ciclistas) e  desprezou as duas informações principais, sobre pedestre e motociclistas.


No texto, Meli aponta algumas ações que podem melhorar o quadro de mortalidade na capital paulista, entre elas campanhas de educação no trânsito. Mas, alerta: nada disso vai adiantar se não houver providências concretas de mudanças na infraestrutura, além de maior fiscalização nas ruas e avenidas.  


O artigo compara, ainda, a situação de São Paulo com a de Nova York e mostra que aqui se mata mais do que o triplo daquilo que os novaiorquinos consideram "uma vergonha".  São cerca de 150 mortes/ano contra mais de 500 em SP. Em São Paulo, desde 2005, o número de mortes de fato vem caindo, em cerca de 6%, apesar do aumento da frota de veículos. Mas lá em NY a prefeitura foi mais longe e iniciou a campanha "Vision Zero", que busca reduzir e talvez zerar essa triste estatística.


Também destacamos o dossiê realizado pelo ativista Uirá Lourenço, de Brasília, que reuniu centenas de imagens sobre a chamada Linha Verde do DF para provar que pedestres (e ciclistas) não têm vez na capital federal. O documento foi entregue formalmente (protocolado) ao governador do Distrito Federal, ao secretário de Mobilidade e ao diretor geral do DER.


Meli e Uirá observam o óbvio e propõem medidas simples, de custo bem mais baixo do que a construção de túneis e viadutos. Mas que podem contribuir para que as pessoas voltem a fazer a pé ou de bicicleta os pequenos trajetos até o mercado, a academia, a escola dos filhos ou ao terminal de transportes. E deixem o carro descansar um pouco.
 



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