Embora mais expostos à poluição, os ciclistas são, ainda assim, menos sujeitos a morrer por doenças do que os motoristas. O risco de inspirar o ar poluído das cidades é, dizem várias pesquisas, um pouco maior para quem pedala (0,05% a mais de risco) do que para quem está dentro do carro. Mas, quando se consideram variáveis como os benefícios da atividade física, o risco da bicicleta cai, e compensa, com o passar do tempo, a "pequena vantagem" de quem dirige automóvel.
A conclusão está baseada em estudos recentes realizados na Europa, EUA, Austrália e Nova Zelândia, e reunidos pela pesquisadora Thais Mauad, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, na apresentação "Bicicletas e Saúde", sobre os riscos e benefícios dos modos bicicleta e carro. A professora, que integra o laboratório de poluição atmosférica da USP, participou este mês do evento "Mobilidade urbana em SP: ciclovias em debate", no campus da FEI em São Paulo, onde discutiu o tema com outros especialistas.
Segundo Mauad, "ocorre que o minuto ventilatório do ciclista é maior, o que faz com que ele inspire um pouco mais de poluição". Mas esse risco inferior a um por cento que pesa contra o ciclista é relativizado pelos benefícios obtidos com a atividade física. "Alguém que pedale com frequência tenderá a ser um adulto saudável. E com a idade, esse benefício à saúde aumenta. Pesquisas indicam um ganho de 2,5 anos a mais de vida de quem opta pelo transporte ativo", avalia.
Mais ciclistas, mais segurança
Com mais bicicletas nas ruas, não somente a poluição e seu impacto negativo à saúde diminuem, como podem ser observadas melhorias na segurança urbana para quem pedala, o que influencia no aumento dos ciclistas. "O que se verificou em alguns estudos é que os países que têm mais bicicletas em circulação apresentam tendência de queda no número de acidentes fatais", destaca a professora.
Leia na íntera a aula-apresentação "Bicicletas e Saúde", organizada por Thaís Mauad, da USP.
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