O consórcio responsável pelas obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) protocolou, no início deste mês, o cronograma com o pedido financeiro de mais de R$ 400 milhões na Secretaria das Cidades (Secid). A empresa contratada pelo governo do estado deverá finalizar as obras do modal em Cuiabá e Várzea Grande com um valor que vai superar a ordem de R$ 1,8 bilhão.
O valor contratual para a entrega do VLT foi firmado em 2012 com o governo e previa investimentos de R$ 1,4 bilhão. De acordo com o consórcio, o valor é resultado do aumento dos custos fixos da obra, consequência direta do aumento do próprio prazo total dos trabalhos. Um dos fatores principais nessa planilha, segundo as empresas, é a recontratação de mais de dois mil trabalhadores e alocação de máquinas e equipamentos, a chamada mobilização de canteiro necessária à retomada das obras. O cálculo não considera a escalada da inflação nem do dólar registrada desde 2012.
O Consórcio VLT cobra do Executivo estadual o posicionamento sobre a dívida pendente de R$ 216 milhões. As empresas informaram que até ontem (12) o governo ainda não havia se manifestado sobre um cronograma de pagamento do valor referente às medições de outubro, novembro e dezembro do ano passado. Quanto ao atraso na execução física das obras, o Consórcio alega que manifestou em dois episódios diferentes “a necessidade de formalização de um aditivo de prazo”, em outubro de 2013 e em junho de 2014.
As datas e números de ofícios citados no documento deixam claro que o governo do estado não entregaria as obras do VLT à população antes da Copa do Mundo de 2014. O governo, por sua vez, nega não ter entregado o cronograma de pagamento dos valores em atraso. Conforme termos do acordo caberia ao Consórcio VLT a entrega do cronograma de obras e ao Estado o posicionamento sobre o pagamento referente aos serviços de engenharia executados no ano passado.
A obra do VLT segue paralisada desde dezembro. Na proposta enviada ao governo, as empresas propõem a retomada das atividades em julho e a entrega final do modal em 2018.
Problemas
No mesmo documento, o Consórcio VLT ainda questiona o trâmite dos apontamentos feitos pela gerenciadora do contrato das obras do modal junto ao governo do Estado e rebate o resultado de auditoria feita. Conforme manifestação assinada pela gerência de contrato do VLT, “nenhum dos relatórios confeccionados pela Gerenciadora foi encaminhado à época ao Consórcio pelo Contratante ou mesmo diretamente pela Gerenciadora”.
Segundo nota do Consórcio VLT, eles “somente tiveram conhecimento da existência dos relatórios no dia 9 de fevereiro de 2015, quando, em entrevista coletiva, o governador de Mato Grosso fez menção a eles”. Ainda segundo o Consórcio VLT, a gerenciadora comunicava problemas identificados nas obras por meio de fichas, num total de 88 documentos formalmente entregues ao consórcio. “‘Frise-se, em um número substancialmente inferior que as IP’s (fichas de identificação de problemas) mencionadas nos relatórios de gerenciamento”.
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