Você certamente notou o incrível aumento de notícias sobre o uso da bicicleta no Brasil. Desde que o Mobilize foi criado, em 2011, dezenas, talvez centenas de cidades lançaram programas cicloviários ou implantaram sistema de bikes públicas, para a alegria de quem gosta de pedalar pelas ruas.
Sintoma dessa onda, nesta semana veio a informação oficial sobre o aumento do número de ciclistas mortos no trânsito de São Paulo. Foram 47 em 2014, contra 35 em 2013. Na verdade, olhando a série histórica de acidentes, desde 2005, os números vem caindo. Foram 93 acidentes fatais naquele ano, 61 em 2009 e 49 mortes em 2011. Enfim, há uma tendência à melhoria na segurança do trânsito de ciclistas, especialmente por conta das novas ciclovias.
Uma vida vale muito e não pode ser perdida assim à toa. O Brasil continua a ostentar números vergonhosos de acidentes de trânsito, envolvendo principalmente motociclistas e pedestres, estes - de longe - os elos mais fracos em nosso sistemas de mobilidade urbana.
Calçadas largas e bem pavimentadas, faixas de pedestres bem demarcadas, sinais luminosos com bom tempo de travessia e uma rigorosa redução na velocidade do trânsito são medidas já praticadas com sucesso em outras cidades do mundo. Por que não imitá-las?
Um trânsito mais "calmo" traria enormes benefícios às cidades e permitiria que crianças, idosos e deficientes físicos pudessem circular com mais conforto e segurança, reduzindo o uso do automóvel particular. E todos sairiam ganhando, até mesmo aqueles motoristas apressadinhos que insistem em buzinar e tirar "finas educativas" contra os pedestres, como lembra a blogueira Meli Malatesta em seu post no Pé de Igualdade.
Mas, em matéria de calçadas, o Brasil não caminha, apenas engatinha, lembra a deputada e também blogueira Mara Gabrilli. Ela tem razão: apesar de tantas notícias sobre o tema, apesar de campanhas, como a Calçadas do Brasil, em geral as prefeituras continuam dando de ombros para o pobre pedestre.
Além das duas rodas e das calçadas, nesta semana temos algumas boas notícias sobre a retomada de projetos de transporte de alta capacidade em Brasília e São Paulo, além da iniciativa de uma empresa carioca para integrar o transporte hidroviário à futura estação de metrô no Rio de Janeiro.
Mobilidade se faz assim: vários modos de transporte, todos integrados, da calçada ao trem urbano.