Um projeto da iniciativa privada em estudo com a Prefeitura do Rio pretende criar uma rota hidroviária para transportar os moradores dos condomínios da Barra da Tijuca em balsas até a futura estação do metrô no Jardim Oceânico. A obra está prevista para ser inaugurada em junho de 2016.
A ideia seria uma alternativa para melhorar a mobilidade no bairro, que teve o maior crescimento populacional da última década no Rio. Segundo a empresa
Ecobalsas, autora da proposta, o projeto esbarra na falta de compromisso do governo do estado para dragar e despoluir a Lagoa da Tijuca e o Canal de Marapendi. Junto com a Lagoa de Marapendi, eles serviriam de caminho até a estação do metrô, mas não possuem condições favoráveis à navegação.
De acordo com um dos sócios, Ricardo Herdy, a frota de 16 embarcações, que atende 36 condomínios e transportam os moradores em sete rotas na Barra, tem capacidade para transportar até 4.296 pessoas por dia, cerca de 128.880 por mês.
“Todos os empreendimentos que estão num raio de 6 km do metrô poderiam ser atendidos, o que abrange desde a área do condomínio Novo Leblon, próximo à Alvorada, até o Jardim Oceânico. O tempo de viagem seria de 25 a 30 minutos”, diz Herdy. Moradores afirmam que percurso por terra pode chegar a uma hora. Cada balsa tem capacidade para entre 20 e 140 passageiros, e a empresa ainda estuda a possibilidade ampliar a frota.
Alternativa para melhorar trânsito
O engenheiro de Transportes Alexandre Rojas, da Uerj, acredita que a iniciativa seria capaz de melhorar as condições de tráfego na Barra. Ele ressalta que o percurso planejado para a passagem das ecobalsas garantiria melhor fluidez ao trânsito em avenidas importantes, como a Ayrton Senna, e ajudaria a equilibrar a demanda de outros modais.
“Embora a prefeitura deva inaugurar em breve a extensão do BRT Transoeste entre a Alvorada e o Jardim Oceânico, a intermodalidade é interessante para dar ao usuário opções diverisificadas de transporte. Até porque, quando um não funcionar, tem o outro.”
O biólogo Mário Moscatelli alerta que a ocupação desordenada da bacia hidrogáfica é a responsável pelo assoreamento. “Desmatou-se o que podia e o que não podia, e aí tem chegada de sedimento brutal no sistema lagunar, como lixo e esgoto. Quando o estado começou a fazer a dragagem da Lagoa de Camorim, em junho, o Ministério Público questionou a natureza técnica do projeto e a obra foi embargada. Só não acho adequado continuar transformando as lagoas em latrinas”. Procurado pelo DIA , o Ministério Público não respondeu.
Segundo Ricardo Herdy, da Ecobalsas, o transporte nas embarcações custa até três vezes menos do que os convencionais, como ônibus. A Linha 4 do metrô vai transportar mais de 300 mil pessoas por dia entre Ipanema e a Barra.
Licenciamento ambiental
Em nota, a Secretaria Estadual do Ambiente informou que “vê com bons olhos qualquer alternativa que possibilite melhoria no tráfego do Rio de Janeiro”, mas não deu previsão de quando as lagoas serão recuperadas. “O transporte no sistema lagunar precisa passar por processo de licenciamento ambiental que vai avaliar tecnicamente a possibilidade ou não do deslocamento aquaviário na região”, informou.
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