Incentivar o uso transporte público e da bicicleta é fazer o uso racional do viário. Mas, o Brasil tem uma realidade bem diferente e injusta. É o que mostra o recente relatório do SIM – Sistema de Mobilidade Urbana da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). Os dados de 2012 mostram que de todos os gastos embutidos e relacionados à mobilidade no Brasil, 85% deles são destinados ao carro e motos, ainda que os modais transportam apenas 31% da população e representa apenas 31% dos deslocamentos.
A pesquisa aponta ainda que os que se deslocam a pé ou de bicicleta representam 40% da população. 29% da população utiliza o transporte coletivo para se deslocar. O transporte individual, feito por carro ou moto, é utilizado por apenas 31% da população. Vale lembrar que se tratando da cidade de São Paulo, o cenário muda, onde mais da metade da população se desloca pelo transporte público.
O estudo foi feito na média de dados referentes aos sistemas de transportes em municípios com 60 mil habitantes ou mais, que corresponde a 438 cidades que somam 119 milhões de habitantes, ou seja, 61% da população brasileira. Contando com os custos dos próprios deslocamentos e das externalidades (poluição, acidentes de trânsito, uso de estrutura viária, etc.), a mobilidade para 61% da população em todo o País custou R$ 205,8 bilhões no ano de 2012.
O automóvel e a moto consumiram R$ 174 milhões deste montante, o equivalente a 85% de todos os custos.
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