Enquanto as bicicletas básicas do interior estão sendo trocadas por motos, surge uma nova parcela da população em busca de modelos para transitar na grande cidade. É isso o que mostra uma pesquisa inédita feita pela Rosenberg Associados e a Abraciclo (Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
Segundo a pesquisa "O uso de bicicletas no Brasil: Qual o melhor modelo de incentivo?", a frota brasileira é de 70 milhões, mas a venda de bikes caiu nos últimos anos.
Em 2008, o Brasil vendia 5,5 milhões de bicicletas. Cinco anos depois, o número caiu para 4,3 milhões de unidades.
A queda é mais expressiva no segmento das básicas – que são modelos mais robustos e baratos, usados principalmente no interior e pela população de baixa renda. De 2,58 milhões de unidades, em 2005, foram vendidas 1,35 milhões em 2013.
A explicação é que a população está trocando a bike pela moto, principalmente nas periferias de grandes cidades.
“Conforme a renda vai aumentando, a proporção de pessoas que caminham ou usam a bicicleta para ir ao trabalho vai diminuindo”, diz Thais Zara, economista responsável pelo estudo.
Agora, a Abraciclo quer levar o mercado a dar um salto, focando em um novo público e em modelos mais elaborados.
Mobilidade Urbana
A associação percebeu um crescimento das categorias de maior valor agregado, como bicicletas para recreação, esporte e, mais importante, mobilidade urbana. Somados, esses segmentos representavam 26,6% do mercado em 2006. Em 2013, já eram 40,6%.
Os modelos que se encaixam na categoria mobilidade urbana são desenvolvidos especialmente para o trânsito nas grandes cidades. São leves, com pneus próprios para asfaltos, e adequadas para integração com outros modais de transporte, como o metrô.
Há cinco anos, o segmento era praticamente inexistente. Hoje, ainda que represente apenas 0,3% do mercado, é o que tem maior potencial para ajudar o trânsito e a vida nas cidades.
Entre as vantagens de usar esse modo de transporte, o estudo cita a agilidade, benefícios para saúde, eficiência energética, menor emissão de poluição e gastos com infraestrutura.
Além disso, tem o menor custo entre os meios de transporte – excluindo caminhadas. O gasto de um automóvel movido a gasolina – o mais caro – é de R$ 0,73 por quilômetro rodado. Já uma bicicleta custa R$ 0,12 na mesma distância.
Incentivos
A partir destas considerações, a pesquisa buscou listar formas para incentivar o uso da bicicleta como transporte urbano.
Já de cara, descarta diminuir o preço ao cortar impostos de importação ou de bens industriais. A pesquisa afirma que a maioria dos produtos é feitos na Zona Franca de Manaus e já estariam isentos do imposto de importação – dos modelos de maior valor agregado, são 750.000 de um total de 1,74 milhão.
Além disso, o preço da bicicleta, que poderia ser um impeditivo, não é tão alto. Pelo contrário, o valor pago pelo equipamento por aqui caiu 10%, entre julho de 2006 e novembro de 2013.
No Brasil, o preço médio dos 10 modelos mais vendidos é de R$ 730. Já na Alemanha, país onde a população usa muito mais a bicicleta, a média dos 10 modelos mais populares é de R$ 2.300.
Na Holanda, o preço gira em torno de R$ 1.985. Cabe ressaltar que esses valores foram compilados com um câmbio de R$ 2,30/US$, no meio do ano passado.
O incentivo deveria partir, então, do governo, com a criação de políticas públicas, condições adequadas e introdução de uma “cultura da bicicleta”. Aumento das ciclovias e bicicletários foram algumas das medidas citadas na pesquisa.
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