Diariamente milhares de pessoas utilizam o metrô no Grande Recife, em um vai e vem frenético. No controle automático de quem usa o modal, raramente alguém se pergunta como seria a cidade sem ele. A primeira reportagem especial da série Estação 30, que marca os 30 anos do metrô, faz um passeio pela história, desde quando as estações começaram a ser construídas, em 1983, até a inauguração, em 1985. Um desenvolvimento que trouxe mobilidade, mas gerou custos que até hoje não conseguem ser pagos pelas tarifas cobradas nas bilheterias.
Em meados da década de 80, os primeiros trechos foram inaugurados. Projetado para atender a uma demanda diária de 400 mil passageiros, o metrô não atraiu multidões no início da implantação. O número de usuários não passava de sete mil por dia. A baixa popularidade do serviço, construído em uma iniciativa do Ministério dos Transportes com recursos do Banco Mundial, se dava à falta de ramais do projeto inicial. O metrô ligava apenas o Centro do Recife ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), em Jaboatão dos Guararapes. A escolha do traçado não foi definida pela necessidade da população e sim pelo fato de poder aproveitar o caminho já aberto pelos antigos trens urbanos.
Com o passar do tempo, houve melhoramentos no traçado, exigindo a desapropriação de imóveis e a relocação de moradores para outras áreas, e os trilhos tiveram que ser substituídos para se adequar às dimensões dos novos trens, que pesava 22 toneladas (cada vagão) e circulava a uma velocidade de até 90 quilômetros por hora. Uma fábrica de dormentes e pré moldados chegou a ser instalada no bairro do Jequiá, onde foram produzidos os 78 mil dormentes usados nos quilômetros iniciais do projeto.
O primeiro trecho do sistema concluído ia do Recife à Estação Werneck. No mesmo ano, o trecho Recife Coqueiral começou a operar. Aos poucos o sistema foi se estendendo até o Barro, depois Rodoviária. Hoje são 29 estações distribuídas em 39,5 quilômetros. Ao todo, 13 estações são interligadas ao Sistema Estrutural Integrado, onde os passageiros têm acesso aos ônibus e podem circular por toda a Região Metropolitana pagando apenas uma passagem.
Foi a partir do sistema de integração com os ônibus que o metrô se tornou parte imprescindível de um roteiro diário traçado por trabalhadores, estudantes, gente de toda parte que cruza caminhos entre os trens e as estações. O transporte público no Grande Recife ganhou um novo rumo. A rusticidade e o desconforto dos trens urbanos ficaram para trás e deram lugar a um transporte moderno, rápido e a princípio confortável.
Assim, a demanda de passageiros dobrou ao longo dos últimos anos. Em 2008 eram 196 mil usuários por dia. O número chega a quase 400 mil atualmente. Mas os investimentos não chegaram na mesma velocidade e na mesma proporção. De acordo com o sindicato dos metroviários, o repasse financeiro do Governo Federal não sofre alteração há anos, e o aumento na capacidade de transporte de passageiro requer acréscimo no orçamento para evitar um desequlíbrio.
Problemas estruturais, superlotação dos trens e as deficiências do serviço prestado são temas da segunda reportagem da série Estação 30, exibida no Notícias da Manhã PE, a partir das 7h30. Clique no link para assistir o vídeo da primeira reportagem da série.
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