Bem além das ciclovias

Leia o Editorial da Newsletter semanal de número 155 do Mobilize Brasil

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 10 de abril de 2015

Gráfico mostra a estrutura cicloviária em cidade d

Gráfico mostra a estrutura cicloviária em cidade do Brasil

créditos: Ricky Ribeiro


Publicamos nesta semana dois gráficos produzidos por Ricky Ribeiro e Yuriê Cesar que mostram problemas e pequenas evoluções na mobilidade urbana em cidades brasileiras.


Um deles compara o número de mortes no trânsito em Nova York e São Paulo. São duas metrópoles que reúnem, respectivamente, 8,3 e 12 milhões de pessoas, mas que ostentam números bem diferentes de acidentes fatais. Ambas têm feito esforços para acalmar o trânsito e abrir espaço para o transporte coletivo e as formas leves de mobilidade - caminhar e pedalar -, mas São Paulo ainda amarga a média de 9,6 mortes no trânsito a cada cem mil habitantes. 



Mortes no trânsito - Comparação São Paulo e Nova Y

Em NY, a média de mortes está em 3,3 por 100 mil habitantes, cifra que deve cair bastante com a campanha "Vision Zero", iniciada no ano passado com o objetivo de zerar as perdas de vidas em acidentes com veículos, bikes e pedestres. Vale lembrar que a média brasileira é bem vergonhosa: são 22,6 mortes por 100 mil habitantes.


O segundo gráfico compara a evolução da implantação de ciclovias em algumas capitais do país em março/abril de 2015. São números absolutos e o ranking poderia mudar muito se comparássemos os quilômetros de ciclovias com a extensão total de vias em cada cidade. Infelizmente, essa informação não está disponível em todas as prefeituras. De qualquer forma, há uma tendência forte em favor das bicicletas, triciclos, skates, patins e outros carrinhos sobre rodas, todos movidos na base do arroz com feijão.


No gráfico, Brasília aparece na ponta, com 440 km, mas o número esconde uma série de problemas denunciados no artigo de Uirá Lourenço, ativista dos direitos de ciclistas e pedestres. Como medida prática, Uirá recomenda campanhas de educação, de forma a criar uma cultura de civilidade no trânsito. E cita um dado que fala por si: entre 2012 e 2014, o Detran-DF destinou a campanhas educativas apenas 3,5% dos R$ 356,9 milhões arrecadados com multas.


Por fim, o artigo lembra que os pedestres também seguem à míngua no Distrito Federal, mesmo na região central de Brasília, onde as calçadas continuam esburacadas, longe dos olhos das autoridades, que passam alheias, em reluzentes carros pretos. A imagem cabe bem no cenário de qualquer cidade do Brasil.


Para concluir, um alerta: não adianta construir ciclovias apenas. É preciso conectá-las entre si e ligar essa rede aos terminais de metrô, trens e ônibus, que obviamente precisam ter bicicletários.


Anote: Amanhã, 10 de abril, o Mobilize participa do I Fórum AHPAS de Mobilidade e Saúde, que vai discutir soluções de transporte urbano para pessoas com mobilidade reduzida. O encontro acontece em São Paulo e as inscrições podem ser feitas no link www.ahpas.org.br/mobilidadeesaude/


Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil 


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