Sair às ruas é uma aventura diária para Carlos Alberto Bueno Tomanik. Com deficiência visual, o assistente administrativo, de 52 anos, sofre para conseguir atravessar avenidas, ruas e cruzamentos da cidade. Ele reclama da ausência de semáforos sonoros em Sorocaba. Este, porém, não é um problema enfrentado apenas por quem tem alguma limitação física. O pequeno número de semáforos que mostram o tempo de travessia e a ausência ou confusão na sinalização são reclamações comuns entre os pedestres.
Carlos Tomanik conta que já passou por diversas situações de perigo. Ele cita que o único semáforo sonoro em Sorocaba está no cruzamento da rua Miranda de Azevedo com a rua Sete de Setembro. "Essa é uma briga antiga nossa, mas ninguém faz nada. Corremos riscos todos os dias. Só vão perceber o problema quando um de nós (deficientes visuais) for atropelado. Aí você morre e, em três semanas, todo mundo já esquece o que aconteceu", desabafa.
A Urbes - Trânsito e Transportes confirma que existe apenas um semáforo sonoro na cidade, localizado na interseção da rua Miranda Azevedo com a rua Sete de Setembro, no Centro. Ainda de acordo com a empresa responsável pelo trânsito da cidade, há previsão, ainda sem data para efetiva implantação, de mais cinco travessias com alertas sonoros.
Semáforos sem tempo
A falta de semáforos sonoros não é o único problema relatado pela população. Muitas pessoas reclamam da ausência de sinalizações e de semáforos para pedestres, que mostrem o tempo de travessia.
O pintor Éder Paiva conta que quase sofreu um acidente no cruzamento da rua Leopoldo Machado com a rua Santa Cruz (rua onde está localizado o terminal de ônibus São Paulo). "Na semana passada, eu quase fui atropelado aqui. Não tem semáforo e os motoristas não respeitam os pedestres. Eles vão jogando o carro para cima", afirmou.
A cozinheira Marisete Pereira Santos, 52, concorda com o pintor. "Eu passo por aqui todos os dias. É um perigo. Ninguém respeita e o pedestre é que corre perigo", relatou.
Um pouquinho mais para frente, nos cruzamentos da região entre as ruas Leopoldo Machado com a rua Coronel Cavalheiros, há semáforos mas nenhum que contabilize o tempo. "Ninguém sabe quanto tempo ainda tem para atravessar e todo mundo passa por aqui correndo. É um perigo, porque as pessoas podem tropeçar e cair", afirmou.
Outro ponto onde também não foi encontrado a sinalização com a contagem de tempo foi no cruzamento entre as avenidas Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e a Comendador Pereira Inácio, na região da rodoviária de Sorocaba. "Falta a sinalização com tempo, principalmente por conta dos idosos. É bom saber se você tem cinco ou 60 segundos para atravessar uma rua", exemplificou o vigia Luís Aparecido Prado.
O cruzamento entre a rua Francisco Scarpa e a avenida Doutor Afonso Vergueiro também não tem este tipo de sinalização. "Eu passo aqui correndo sempre, nunca sei quanto tempo ainda tenho para atravessar", reclamou a tosadora Franciele Ferraz.
Outro lado
Segundo a Urbes, Sorocaba possui 296 interseções semaforizadas, 106 possuem grupos focais para pedestres e todos possuem faixas sinalizadas e tempo exclusivo para a travessia. Os semáforos estão localizados na área central e em todas as regiões da cidade.
A empresa responsável pelo transporte urbano informa que vêm implantando, de forma gradativa, os semáforos que marcam o tempo, com o objetivo de dotar todos os cruzamentos com o dispositivo. Em relação aos custos, a Urbes diz que não é possível informar no momento.
Assista o vídeo da reportagem na página do Jornal Cruziero do Sul
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