A proposta de revisão do Plano Diretor, em discussão na Câmara Municipal de Curitiba, expande para cinco novas áreas a aplicação do "tripé" (conceito definido mais abaixo) que tem orientado o planejamento urbano da cidade: integração entre o transporte coletivo, o sistema viário e o controle do uso e da ocupação do solo.
Se nos planos anteriores induziu-se o crescimento da cidade de forma linear, agora a intenção é criar uma malha que corta os atuais eixos de transporte coletivo, com a interligação dos eixos atuais com os novos.
Cinco novas vias receberão a infraestrutura já presente nas atuais: canaleta exclusiva para ônibus, ladeada por duas vias de tráfego lento, uma em cada sentido (como ocorre hoje, por exemplo, nas avenidas Sete de Setembro, Paraná e Padre Anchieta).
Menos deslocamentos
Segundo os técnicos, essa malha deve induzir a ocupação de áreas que já possuem infraestrutura, mas que podem ser melhor aproveitadas. O transporte coletivo agirá como uma ferramenta para dar velocidade ao crescimento desses bairros mais vazios e para a criação de novos centros de comércio e serviço, gerando regiões autônomas nos bairros.
A intenção é reduzir os deslocamentos, permitir que as pessoas cheguem com facilidade a estes novos centros, tenham acesso facilitado a serviços e comércio e também a equipamentos públicos como escolas, unidades de saúde e creches.
Tripé
O conceito de tripé embasou o planejamento da cidade desde o Plano Preliminar (1965) e o Plano Diretor (1966) e a eficiência dessa ferramenta tornou a capital paranaense referência no mundo.
O crescimento de Curitiba foi induzido e controlado para ocorrer prioritariamente próximo aos quatro principais eixos do transporte coletivo: Norte/Sul (que liga o bairro Santa Cândida ao Pinheirinho); Leste/Oeste (faz a conexão do Capão da Imbuia e Cajuru com o Campo Comprido); posteriormente Boqueirão (que liga o bairro do mesmo nome com o Centro); e, recentemente, Linha Verde – que quando estiver completamente concluída irá consolidar o eixo do Atuba ao Pinheirinho.
Além de ampliar a capacidade do transporte coletivo – ao criar novas vias exclusivas para veículos de alta capacidade –, haverá mudanças no tipo de ocupação possível nesses locais. Depois que o sistema de transporte estiver implantado, os lotes próximos poderão ter a permissão de construção - o chamado potencial construtivo - elevado. Mas isso só acontecerá após mudanças na Lei de Uso e Ocupação do Solo.
Malha viária
A localização exata, com a determinação das ruas que irão passar por obras dos novos eixos de alta capacidade no transporte coletivo, ainda não está definida. Esses eixos serão implantados de maneira a formar uma malha ao se conectar com os quatro eixos já existentes.
Está definido no plano que os novos eixos farão a ligação Leste/Oeste da cidade e serão paralelos uns aos outros, cruzando o atual eixo Norte/Sul, onde há a previsão de construção de uma linha do metrô. Os novos eixos poderão alimentar o futuro metrô, mas não são dependentes dele, já que podem se integrar também ao atual sistema de transporte coletivo.
Integração
A criação dos novos eixos, também sob o conceito do tripé de planejamento, tem o propósito de promover uma melhor mobilidade dentro de Curitiba, mesmo com o projetado crescimento da cidade e o aumento do número de moradores e das atividades econômicas.
Essa alteração no planejamento contempla ainda a necessidade de integração com as cidades da região metropolitana, principalmente com os municípios de Araucária, São José dos Pinhais, Pinhais, Colombo e Fazenda Rio Grande.
Além disso, o conceito de malha para o sistema de transporte coletivo reflete as discussões do Plano Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PMDUS), documento que está sendo elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e lança um olhar sobre a cidade para os próximos 50 anos.
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