Plebiscito, CPI, estudo para substituição do modal, ameaças, bate-boca... A polêmica em Mato Grosso sobre a viabilidade ou não do VLT - Veículo Leve sobre Trilhos continua aquecendo os ânimos em sua capital, Cuiabá. Em fevereiro, o secretário do Gabinete de Projetos Estratégicos, Gustavo Oliveira, declarou que para a operação do VLT Cuiabá - Várzea Grande seria necessário praticar uma tarifa superior a R$ 10,00, valor muito acima da média de tarifas de ônibus da capital matogrossense, hoje em R$ 3,10.
Nós aqui acreditamos que a população quer apenas um sistema de transporte eficiente, de qualidade e preço justo. Para ajudar no debate levantamos as tarifas de alguns sistemas de trilhos urbanos em várias partes do mundo. Os valores são bem díspares, e dependem dos custos locais de operação (salários, preço da energia, insumos), da idade dos sistemas existentes e, principalmente, dos subsídios oferecidos pelos governos locais. (Veja acima o infográfico)
No infográfico, optamos por adotar os valores máximos em cada cidade. Em alguns casos, como Berlim, Houston e Los Angeles, a tarifa inclui a integração com metrô, trens e ônibus. Em Melbourne, a tarifa é zero na região central da cidade.
Conheça alguns sistemas de VLT no mundo e suas tarifas:
Houston (Texas, EUA)
www.ridemetro.org/
Foto: Paul Schäublin – photo diary
Na cidade mais populosa do Texas, o sistema de VLT, operado pela MetroRail, adota veículos Siemens S70. Uma viagem só de ida custa US$ 1.25 (R$ 3,86). Esse custo difere, beneficiando quem usa cartão, ou se estiver fazendo conexão com ônibus. A rede conta com três linhas: vermelha, verde e roxa. A mais antiga e movimentada, a vermelha, em operação desde 2004, tem cerca de 12 km de extensão e transporta 40 mil passageiros por dia.
Los Angeles (Califórnia/EUA)
www.metro.net/riding/fares/
Foto: www.railwaybulletin.com
O sistema de trens leves de Los Angeles, iniciado em 1990 como renovação dos antigos 'bondes amarelos' (do séc. 19), é integrado e operado à Metro Rail, empresa que administra o transporte urbano na cidade. Estrutura-se em seis linhas, sendo duas expressas (as linhas vermelha e roxa). O sistema tem 80 estações. Faz conexão com BRTs e também com os sistemas de trens urbanos.
Milão (Itália)
http://www.atm.it/it
Foto: karnizz – Fotolia
O sistema de Milão é mantido pela empresa ATM, que opera o metrô, trams e ônibus. O sistema tem alguns carros dos anos 1940 e veículos bem modernos, mas todos circulando pelos mesmos trilhos, utilizando a mesma infraestrutura. A tarifa é bem variável, dependendo do tipo de passageiro, da área de circulação e da quantidade de passagens adquiridas. Um bilhete básico custa 1,50 € , cerca de R$ 5,04, e vale para viagens no metro, ônibus e trams por um período de 90 minutos.
Buenos Aires (Argentina)
Na capital argentina, operam dois sistemas de VLT: o Premetro (Linea H), e o Tranvía del Este
Premetro (Linea H)
www.metrovias.com.ar/subterraneos
Foto: http://nueva-ciudad.com.ar/
O chamado Premetro, ou Linea H, integra a rede de metrôs da capital portenha, administrada pela concessionária Metrovías S.A. Sistema em nível inaugurado em 1986, tem 7,4 km de extensão, 17 estações e dois ramais. Os trens saem do bairro de Flores, na Estação Intendente Saguier, onde há conexão (gratuita) com a Linha E do metrô. E seguem até a estação Pola, onde a linha se ramifica em dois trechos, os ramais General Savio e Centro Cívico. Com velocidade máxima de 60 km/h e viagem com duração de 25 minutos, a passagem Metro + Premetro sai por AR$ 4,50 ( R$ 1,59). Se for só Premetro: AR$ 1,50.
Tranvía del Este
www.tranviadeleste.com.ar
Foto: www.flickr.com/photos/subtedebuenosaires
Tranvía del Este, o trem leve de Puerto Madero, opera desde julho de 2007, mas o sistema ainda não está integrado à rede de transporte público da cidade. O trem vai da Avenida Cordoba (dique 2), até a Avenida Independencia, (dique 4), um percurso de 2 km (2.033 m) com duração de 10 minutos. Há 4 paradas: Intendencia, Belgrano, Corrientes e Córdoba. O bilhete pode ser comprado em máquinas automáticas nos pontos ou a bordo do veículo, ao custo de AR$ 1 (R$ 0,35).
Melbourne (Austrália)
http://ptv.vic.gov.au/
Foto: www.myweb.net.au/mottram/trams
A cidade australiana não tem metrô, mas, em compensação tem uma rede de trams com 250 km de trilhos, 493 trams, 25 rotas e 1.763 paradas. É uma das maiores do mundo. A tarifa é de 3,76 dólares australianos (R$ 8,98) ou 2,89 dólares americanos. Mas, no perìmetro central da cidade a tarifa é zero, qualquer que seja a linha utilizada.
São Petersburgo (Rússia)
Foto: www.railjournal.com
A cidade russa já teve a maior rede de tram do mundo e até os anos 1980 contava com 340 km de linhas. A partir de 1995 boa parte das linhas do centro foi removida. Inaugurado em 1907, o sistema hoje conta com cerca de 210 km e 40 linhas. A tarifa cheia (uma viagem) custa 28 rublos ou 0,42 centavos de dólar (R$ 1,43).
Berlim (Alemanha)
www.urbanrail.net/eu/de/b/tram
Inaugurado em 1865, tem 430 km de extensão, 22 linhas e mais de 800 paradas. Alguns trechos são de superfície, outros subterrâneos. Os tíquetes do tram também são válidos para ônibus, metrô e vice-versa. Os valores são divididos por região, do centro para a periferia (zonas A, B e C). Um tíquete simples pode ser usado por uma única pessoa por 2 horas, desde que não cruze o ponto de partida. As tarifas variam de E2.70 ou 3,05 dólares (AB) a E3,30 ou 3,73 dólares (ABC). Em real, valores que vão de R$ 9,06 a R$ 11,07.
Pequim (China)
Foto: www.railway-technology.com/
O primeiro tram a operar na China remonta a 1899. A tarifa é 20 Iuan ou US$ 3,2 dólares americanos (R$ 9,91).
Calcutá (Índia)
www.calcuttatramways.com
Foto: http://www.dhapa.com/kolkata-tram
O tram elétrico indiano vem funcionando desde 1902, mas a companhia que opera o sistema foi registrada em Londres no ano de 1880. A tarifa é 3,75 rúpias (0,06 dólares americanos) para primeira classe; e 1,50 rúpias (0,02 dólares americanos) a segunda classe (R$ 0,74).
Alexandria (Egito)
www.alexapta.org/en/
Foto: http://www.alexapta.org/
O sistema começou a operar em 1863, mas tem apenas 38 estações operadas pela Alexandria Passenger Transportation Authority.
A passagem custa 0,25 libras egípcias ou 0,03 centavos de dólar americano (R$ 0,10).
Santos (SP) (linha em teste)
http://www.emtu.sp.gov.br/EMTU/vlt-baixada/mapa/
Foto: ViaTrolebus
A nova linha de VLT terá, no futuro, 54,6 km, segundo informações da EMTU/SP. No momento, há 11,4 km em obras e 1 km em operação assistida. De acordo com a EMTU, a tarifa do VLT obedecerá aos padrões praticados pelos ônibus que circulam na região, ou seja, algo em torno de R$ 3,80 a R$ 4,50, incluída a integração com ônibus e barcas.
*Levantamento realizado por Regina Rocha e Du Dias. Edição de texto: Regina Rocha
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